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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sábado a noite sem programa

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O que será que dói mais, perder um grande amigo ou um grande amor? Porque a gente aprende que, desde que nasce, deve procurar pelo príncipe encantado e, muitas vezes é fato, esse cara nunca vem. E amizades também têm assim, um pouco de amor no contexto. Virar amigo de alguém também tem muito a ver com se apaixonar, com acreditar no que aquela pessoa representa, em quem ela é. Conseguir um amigo fiél, que vai estar do seu lado quando o seu possível príncipe encantado fodeu sua vida ou quando você tem uma crise e não sabe mais – pela milésima vez – o que quer fazer da sua vida, muitas vezes é bem mais complicado do que encontrar amor.A gente aprende com o tempo que, assim como as fases da nossa vida, os amigos passam às vezes. A sensaçao que dá, inclusive, é que algumas pessoas ficaram presas naquela parcela de passado que nosso cérebro é capaz de lembrar. A sua melhor amiga de primário; uma vez, nas férias, vocês resolveram brincar de cabalereiro e você acabou cortando metade da franja dela na metade da altura da texta – que já não era das menores. Ao invés de chorar, e percebendo que a mãe dela ia querer matar a sua e, possivelmente, vocês não poderiam ser mais amigas, ela sugeriu que você cortasse a sua também. E você cortou. Duas franjas tortas, problema e cumplicidade resolvidos.Ou a sua melhor amiga do ginásio. Ela estava lá quando você menstruou, quando você se apaixonou pela primeira vez e, pela primeira vez, teve seu coração partido. Ela também estava lá quando você resolveu fugir de casa porque seu pai não te deixou sair à noite porque você ainda não tinha dezoito; mal sabia o seu pai que pra você, quinze era definitivamente o novo dezoito e, era só ele piscar o olho no sofá, que a sua identidade falsa ia passear com sua melhor amiga na Vila Olímpia.Com sorte, sua melhor amiga do ginásio ainda era sua melhor amiga no colegial e, meio que inevitavelmente com o tanto de hormônios que correm nessa fase, vocês podem ter tido uma briga sem volta ou porque ela achou que você gostava do namorado dela, ou porque ela achou que você era muito mais magra que ela, ou porque, simplesmente, todos os motivos anteriores aconteceram e ela achou que a vida dela, agora, precisava de um rumo que não incluía você. E aí, alguns anos depois ela se arrependeu e resolveu pedir desculpas. Mas aí, veja, aí já era tarde demais porque amizades – assim como amores – são relações interpessoais que precisam não só de carinho, mas também de esforço pra que haja compatibilidade. Em amor ou amizade, só o sentimento, infelizmente, não é suficiente pra manter tudo de pé. Você tem de ceder e a pessoa tem de ceder também. Amizade, amor e qualquer coisa que liga a alma de duas pessoas exige, no mínimo, convivência e paciência.Aí você vai pra faculdade e encontra seus novos amigos de infância, sem discriminação de sexo – inclusive literalmente. Você se sente mais adulta porque achou que descobriu finalmente o que quer fazer da sua vida e, no meio de muita gente nova, a empolgação te cega na hora de enxergar que, na vida, ninguém nunca tem certeza do que vai acabar fazendo com ela. Você faz mil amigos homens; e os que são bonitos, fazem você. E faz duas – com sorte -, três amigas que você vai carregar pra sempre. Elas passam pela fase da probreza universitária com você; aquela fase que você vai à pé ou de ônibus pra festa depois de ter estudado de manhã e passado a tarde no estágio não remunerado. O incrível dessa época é que, mesmo na pobreza, vocês pareciam conhecer todo mundo que precisavam conhecer em São Paulo, pra entrar em qualquer lugar sem precisar da moeda de troca usada pelos outros.Aí a faculdade acaba e você – mais uma vez na dúvida do que fazer com a própria vida e agora, também, com a carreira que escolheu pra você – resolve mudar de país, largar mão de tanta festa e encontrar o amor. E assim você se enxerga depois de alguns meses, cheia de amor e sem amigos. Sem amigas. Não está completo.Alguns anos depois, você e sua melhor amiga da faculdade têm o primeiro estranhamento. Você voltou mas as vidas de vocês andaram separadas. Amizade, como amor, precisa de dia a dia, precisa de “Como foi o seu dia?”, precisa de frescurinhas e cuidados pra não estremecer.Meses de insistência depois, quando você quase conseguiu enfiar a amizade de volta no eixo, quando fez novas amigas de infância pra quem pôde ligar na hora que algum dos seus amigos deu em cima de você e te deixou surtada, ou na hora que sua chefe gritou com você no meio da redação e você correu pro banheiro, sentou na privada e ligou pra ela ao invés do seu namorado porque ela, diferente dele, não ia te mandar engolir o choro e ia te entender. Bem nesse momento então, a vida muda de novo, você muda de país de novo e, mais uma vez, suas amigas de infância de verdade, as de infância da faculdade e as de infância do trabalho ficam pra trás enquando você vai.Aí você chega aqui, de novo com o amor que sempre precisa de manutenção, mas tendo a difícil tarefa de manter à distância as outras relações da sua vida.Alguns amores começam de amizades, e alguns amores, terminam em amizade; ou pelo menos é isso que ouço dizer. Mas eu não acredito muito nesse estatuto que estipula regras de boas vizinhanças entre ex-namorados e, tampouco, naquele que estabelece que uma amizade entre homem e mulher – heterossexuais, obviamente – pode ser complemente imune do fator que todo mundo que já teve um grande amigo do outro sexo um belo dia encontra pela frente, a curiosidade.O fato, e a desculpa pra esse texto sem propósito e tão bagunçado, é que só amizade e só amor, sozinhos, não conseguem suprir tudo o que a gente precisa. Você pode reclamar da melhor amiga pro namorado e pode – e vai – xingar o namorado de tudo o que precisar pra melhor amiga. Mas não, o namorado não pode ousar falar da melhor amiga e a melhor amiga nunca pode entrar muito no calor do momento e acabar xingando seu namorado.No final, a nossa vida não muda de curso e nem pára de andar em frente pelos desejos de mais ninguém, além dos nossos próprios. E se a gente fez a burrada de ter uma cabeça avoada e um coração cheio de sonhos e vontades de conhecer o mundo, viver um grande amor e fazer grandes loucuras em nome disso, a gente têm que, também, aceitar que muitas vezes é possível perder quem se deixou pra trás.Feliz das pessoas que nasceram com as cabeças nos lugares e resolveram amar só quem apareceu pela frente, nunca quem estava fora do alcance da vista.Quanto à mim, meu coração continua por toda parte e minha cabeça não tem nem meios de ser mais bagunçada. Vai ver é por isso que jamais vou saber qual é a sensação de estar completa, sem sentir saudade de absolutamente ninguém.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Eu sou só

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Eu sei que sou pesada, triste, dramática, neurótica, louca, insatisfeita, mimada, carente. Mas você se esqueceu da minha maior qualidade: eu sou só.Eu era só aos cinco anos quando eu não entendia porra nenhuma do que estava acontecendo e corria para rezar no banho. A fumaça de cigarro tomando toda a casa enquanto meus pais decidiam absolutamente nada em longas discussões que sempre terminavam com a minha mãe jogada em algum canto tremendo e vomitando, e eu com a certeza de que ela morreria cedo. Hoje em dia ela sinaliza o tempo todo que pode morrer por falta de carinho, e eu não consigo dar a mínima.Eu era só pesando seis quilos a menos, quando o mundo inteiro queria que eu comesse pra não morrer, e eu querendo viver tanto que tinha medo de não conseguir, como tudo que sempre quero muito, e acabo fodendo logo pra não ter que viver com a ansiedade do desejo maior do que eu. Eu quase morri de tanto que queria viver. E eu tô quase acabando com o seu amor por mim, de tanto que eu quero que você me ame. Percebe? Louca. Louca e só, porque ninguém vai agüentar isso.Eu sempre estou só quando sou tomada por um susto longo e paralisador que dá vontade de me concentrar apenas em mim, e não ver nada e nem ninguém, por isso quis chorar só e escondida atrás da porta, como um rato que todo mundo tem nojo, que causa doenças, que tem um longo rabo deixando tudo entreaberto para trás, mas que no fundo só quer um pouco de queijo, como qualquer criança bonitinha. Carregar nossa alma, com tudo o que ela tem de bom, de mal e de incompreensível, é uma tarefa solitária.Eu sempre fui só querendo ter uma família grande, café da manhã, Natal, cachorro, e eu continuo só quando te vejo como minha família, mas você me deixa sozinha com duas ou três opções de suco para uma ou duas opções de pão. O mundo é cheio de opções sem você, mas todas elas me cheiram azedas e murchas demais.Eu hoje fui ao banheiro duzentas vezes para ficar longe do meu celular e do meu e-mail, ficar longe de todas as possibilidades da sua existência. Me olhei no espelho bem profundamente para enxergar minhas raízes e ganhar força, chorei algumas vezes, fiquei sentada no chão do banheiro, para ver se meu corpo esquentava um pouco ou porque estava mesmo me sentindo um lixo. O ar-condicionado hoje está insuportável, mas eu não acho que mude alguma coisa desligá-lo. Estar sozinha não muda nada, conheço bem esse estado e, de verdade, sei lidar com ele. O que me entristece, é ter visto em você o fim de uma história contada sempre com a mesma intensidade individual.Eu tinha visto na sua solidão uma excelente amiga para a minha solidão. Achei que elas pudessem sofrer juntas, enquanto a gente se divertia..

Não quero que você me largue.

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Eu não espero que você seja o-grande-amor-da-minha-vida, parei de acreditar nisso na quinta série. Não quero que você me faça chorar. Não quero que você seja um motivo ruim na minha vida. você é motivo de sorrisos, razão pra eu acordar num dia de chuva e tomar banho e mudar de roupa porque eu sei que você vai vir me ver, vai ficar falando bobagens comigo. Não quero te odiar. Não quero falar mal de você pros outros, pras minhas amigas. Quero falar mal de você como quem ama. Sabe, eu quero dizer isso. Que o máximo de irritação que você me provoca é me acordar de manhã cedo falando bobagens que parecem ser importantes no celular. Não quero que você me largue. Não quero te largar.Não quero ter motivos pra ir embora, pra te deixar falando sozinho, pra bater o telefone na sua cara. E eu não tenho medo que isso aconteça (eu nunca tenho), eu fiz isso com todos os outros. É só que dessa vez eu queria muito que fosse diferente. Dessa vez, com você, eu queria que desse certo. Que eu não te largasse no altar. Que eu não te visse com outra. Que eu não tivesse raiva. Que você não passasse a comer de boca aberta. Que você entendesse o meu problema com chãos de banheiro molhados pra sempre.Que você gostasse e cuidasse de mim como disse ontem à noite que cuidará. Eu quero que dê certo, não estraga, por favor. Não estraga não estraga não estraga. Posso pôr um post-it na sua carteira? Mesmo que a gente não fique juntos pra sempre. Mesmo que acabe semana que vem. Nunca destrua o meu carinho por você. Nunca esfrie o calorzinho que aparece dentro de mim quando você liga, sorri ou aparece no olho mágico da minha porta. Mesmo que você apareça na porta de outras mulheres depois de me deixar. Me deixe um dia, se quiser. Mas me deixe te amando. É só o que eu peço.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Encontrar você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida

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Eu paro pra pensar e imediatamente me decido, é ele que eu quero pro resto da minha vida – ou pro resto dessa fase dela . É muito difícil admitir a mim mesma que sinto uma necessidade viva e constante de estar com ele, ouvir sua voz e sentir seu toque na minha pele . Sempre achei que não precisasse disso, era sem dúvidas agradável, mas não indispensável . Agora as coisas mudam de figura, em uma de suas tantas voltas o mundo roubou toda minha frieza que eu tanto admirava. Pouco a pouco enterro mais meu medo da decepção e me envolvo mais intensamente . Intenso, essa é a palavra pra tudo o que sinto quando estou com ele, é tudo anormalmente melhor . Não me bastaria falar sobre quanto eu gosto dele, eu teria que gritar ao mundo todo, não me bastaria um beijo rotineiro, eu quereria um beijo apaixonado . Eu quero ele só pra mim, exatamente como ele é. Cada um dos seus defeitos o torna mais perfeito aos meus olhos, o que é uma covardia e tanto.

Não te amo mais

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Não te amo mais, queria dizer a ele pela primeira vez, sem esperar que ele sofresse com isso. sempre quis que ele sofresse com o dia em que eu não o amasse mais. mas justamente porque eu não o amo mais, nem quero mais que ele sofra. aliás, não quero mais nada. só ir embora. eu só queria ir embora. então, por que eu simplesmente não ia embora? por que eu continuava obedecendo os comandos do meu ex-dono, sendo que ele não é mais dono nem do meu dedinho do pé que tem a unha mais curta? claro que sobrou um carinho, uma amizade, uma graça. o mesmo que tenho pelo resto da humanidade que julgo digno de alguns minutos do meu tempo. mas tudo aquilo, meu Deus, tudo aquilo que era maior do que eu mesma, maior do que o mundo, que me soterrava, que me transportava pra outra realidade, que fazia meu corpo inteiro doer tanto de tanto sangue inchado que passava por ele, tudo aquilo, nossa, acabou. já era. então, por quê? porque eu não dizia simplesmente que tinha ido lá rapidinho pra saber como estavam as coisas, coisas que amigos fazem, e vazava? por que raios eu não ia embora? quero namorar esse homem? não. quero casar, ter filhos, envelhecer ao lado dele? não mais. nunca mais. quero transar com ele, ainda que daquele jeito errado em que minha solidão procura um abraço e a solidão dele procura uma sacanagem? não. nem a pau. quero reviver uma memória pra me sentir viva, emprestar uma alegria pura do passado? não, tô fora de continuar sempre no mesmo lugar, me roubando minhas próprias histórias. quero lamentar a falta de um beijo inteiro, um abraço de verdade, um carinho sem medo e uma atenção entregue sem nenhum egoísmo? não. não quero mais mudar ou fantasiar ninguém. deixa o mundo ser como é. deixa ele ser como ele é. o que eu queria, que era jogar uma conversa fora com uma pessoa que me conhece tão bem e que eu conheço tão bem e essas coisas, eu já tinha conseguido. matar o tempo, rir da alma. e só. coisa de no máximo uma hora, ou duas se eu pudesse beber vinho. eu já podia ir embora. mas não conseguia. por quê? quando ele finalmente parou de falar e querer coisas como uma criança de cinco anos que ta pouco se lixando se você tem ou não como lhe dar aquelas coisas e se lhe dar aquelas coisas vai ou não complicar sua vida, o silêncio me contou um segredo que há muito tempo eu já desconfiava: a mente é burra. minha mente é burra. quando meu pai grita, mesmo ele ja sendo um velhotinho fofo, sinto um medo absurdo, como se eu ainda fosse aquele menininha de maria-chiquinha. a mente é automática, viciada, comandada, acostumada, burra. quando entro no avião pra ir pra Miami, mesmo eu tendo quase vinte anos nas costas e milhas e milhas no meu passaporte, minha mente está congelada na menina de maria-chiquinha, que tinha medo de ficar longe do pai, ainda que morresse de medo dos gritos dele. e de novo sinto um medo filho da puta. e é por isso que quando ele, a pessoa que eu mais amei no mundo pois amei sem os bloqueios e sem a amargura que veio depois de tanto amor, me pede pra ficar, eu fico. se alguma química idiota do meu cérebro obedeceu aquela voz por anos, por que haveria de parar de obedecer agora só porque o resto todo do corpo já não sente mais nada? mas ontem, quando finalmente peguei um cigarro na minha bolsa te dei e fui embora senti um alivio imenso de sair dali, eu combinei com a minha mente que ela não manda mais porra nenhuma. chega de ser comandada pela parte mais “xucra” e sem alma da minha existência. chega. quem manda aqui é o mesmo peito que me jogou pra fora daquela casa e daquela situação que sempre só me fez tanto mal e só me levou coisas tão bonitas. não quero mais as minhas repetições seguras e infelizes. ainda que encarar um coração vazio seja mais assustador do que pai bravo, cidades estranhas e amores eternos que acabam.

Te amo não é bom dia..

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Afinal amar alguém não é simplesmente gostar, o amor exige mais de nos mesmos que possamos imaginar, viver amando é viver sorrindo viver sofrendo e se iludindo. Existem vários tipos de amor, varias maneiras de se amar, existem amores que se entende só com o olhar ou aqueles que começaram por se odiar, existe amor egoísta, existe aquele que aparece sem deixar nenhuma pista. Cada amor é um amor, Cada um tem seu sabor, Cada um tem sua intensidade. amor que é amor nunca acaba de verdade. Ele encontra um lugar dentro do coração de quem se ama, e fica ali esperando a hora certa para voltar, existe também aquele amor que te faz chorar, que aperta o peito devagar fica ate difícil respirar,te deixa sem ar. existe amor que é bem mais forte que a morte, que não acaba no enterro, existe amor que dura bem mais que uma vida. existe o amor de jovem que as vezes não é correspondido e o final é sempre o mesmo: um coração partido. existe amor que dói com a partida, bem mais que uma ferida.Tem amor que nunca cicatriza , se eterniza . Nunca quem ama tem o controle do amor,ele mais forte que a razão, do que é certo ou não.Existe o amor que comete erros, mas também existe o amor que perdoa e afinal perdoar ainda é bem mais fácil que esquecer.

Caminhe no passo do seu coração

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Primeiro tudo muda de cor e o mundo sorri pra você. As estrelas transportam-se para o seu olhar e o brilho da lua é pequeno demais para dar de presente. A sensação de paz interior é plena e a vontade de nuncamaislargar intensa. Aconteceu, aceite, contemple: você está apaixonado. E você não está sozinho: ele também está apaixonado por você. Esse é o ponto: é recíproco. Que digam que é brega, careta, clichê: vocês estão felizes. Não se deve explicar nem medir essa felicidade, porque a não limitação do amor é a mais autêntica forma de amar. Então o que fazer? E o medo de não conseguir fazer durar? E a saudade que mata? E o aperto no coração nos beijos de “até mais tarde”? Amar é sofrer. E com certeza alguém te avisou isso. Só estou reforçando. Por causa desse medo de tudo dar errado, acabamos fazendo, realmente, tudo errado. Ao invés de nos preocuparmos se as coisas estão bem, ficamos loucos em pensar num modo que elas possivelmente poderiam ir mal. Estar apaixonado é ruim nesse ponto. Não estar é pior. O que se deve fazer nessas situações é controlar o termômetro, mantendo-o numa temperatura muito agradável para ambos. A cumplicidade é ponto de equilíbrio de qualquer relação. Explore as emoções e sinta, num simples abraço, a inexplicável sensação de proteção e carinho. Sinta-se à vontade um com o outro. Caminhem compassados, lado a lado, olhando na mesma direção. E você, linda flor, não corra, nem ande muito devagar: caminhe no passo do seu coração.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O bastante pra você.

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Carrego esses olhos assim, leves, turvos e brilhantes. Tento me concentrar no nada, tento olhar pro horizonte pra você não descobrir que quando esses meus olhos se encontram com os teus eu estremeço, perco todo o rumo, perco a fala, perco a noção e passo a só pensar em você. Tento olhar pro nada pra não olhar pra você e me entregar. Meus cabelos as vezes tentam esconder um sorriso bobo, ou alguma vez que eu fico vermelha, com as coisas bonitas que você me fala. Eu me arrumo pra você, sabe. Aquele batom novo, você reparou? Pois é, escolhi pra caramba, pra tentar acertar o seu gosto. Aquele perfume, depois que você comentou que era legal, não parei mais de usá-lo. Você ri que toda semana eu me enfio em qualquer manicure pra fazer minhas unhas, mas é pra você também. Eu tento fazer tudo isso pra te convencer que eu sou a jóia que te acompanha. Que eu sou o diamante perfeito pro teu metal precioso. Que eu sou tudo que te falta e eu te completo. Eu tento te convencer de que talvez eu seja boa. Seja boa o bastante pra você.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Vitrine

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Eu exponho meus sentimentos como numa vitrine, à espera de alguém que aceite pagar o preço que nunca entra em liquidação. Mas quando vem alguém e quer me levar sem questionar a etiqueta absurda, eu só penso na futura devolução. Quero voltar pros vidros sujos, a exposição sem objetivos, ver todos os produtos indo embora e eu ficando mais uma vez. Esses rostos que me encaram, os olhos que brilham, as ilusões que se formam, as expectativas que eu deixo criarem, são minha vida. Depois disso só resta a rotina e o medo de estar perdendo a melhor parte. Estou cansada dessa promoção de mim. Cansei de me entregar tanto e nunca me entregar por completo, de ser só a promessa, a vertigem e a decepção. E então esse cansaço que não sei se é dos outros ou de mim mesma. Estou te mandando um aviso. Bilhete colado na porta da geladeira, telegrama, sinal de fogo, e-mail, não importa. Estou gritando seu nome na areia da praia, do alto da minha insanidade. Vem me salvar. Me leva embora. Prova que não é igual, que a compra não vai ter devolução no primeiro defeito, porque eu sou cheia deles. Me compra, me leva pra casa com tudo o que tem direito. Com medo, com mania, com falar demais e sentir de menos.
Por eu ser cheia de ter certeza de tudo, só quero alguém que me prove o contrário.

Cada fase de mim

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é como perder o chip do celular e ter que refazer toda a agenda telefônica, aproveitando pra deixar alguns números de fora que você já sabia que nunca ia ligar mas não tinha coragem de apagar. É como reformatar o computador antes de fazer backup e deixar pra trás as fotos do ex que insistia em manter entre documentos e textos. É andar dois passos, voltar meio, sofrer um pouquinho por ser apegada ao antigo e ao mesmo tempo desesperada pelo novo.

De janeiro a janeiro

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Não consigo olhar no fundo dos seus olhos e enxergar as coisas que me deixam no ar,deixam no ar.As várias fases, estações que me levam com o vento e o pensamento bem devagar..Outra vez, eu tive que fugir, eu tive que correr, pra não me entregar.As loucuras que me levam até você me fazem esquecer, que eu não posso chorar...Olhe bem no fundo dos meus olhos e sinta a emoção que nascerá quando você me olhar,o universo conspira a nosso favor, a conseqüência do destino é o amor, pra sempre vou te amar.Mas talvez, você não entenda,essa coisa de fazer o mundo acreditar que meu amor, não será passageiro,te amarei de janeiro á janeiro,até o mundo acabar.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

E se você vem, fica tudo maior, sei lá mas é como se eu existisse de um jeito mais completo, compreende?

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Você sabe que não sou boa com palavras, e que nem sempre o que eu digo é o que você quer escutar. Eu não sei falar sobre você, sobre nós, sobre o sentimento. Na verdade, eu não tenho certeza dos meus sentimentos. E tenho medo sobre os seus. Não é fácil olhar nos seus olhos e dizer que não vivo sem você ou que você me faz tanta falta. O medo da rejeição sempre falou mais alto, e como na maioria das vezes me deixei levar por ele. É ridículo sentir tanto medo se você ainda está aqui.

O amor é uma doença

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Eu não sei guardar coisas. Se eu compro chocolates, como todos no mesmo dia. Se eu compro balas, chicletes, devoro todos em minutos, compulsivamente. Detesto saber que algo me espera, quero acabar logo com aquilo.Não sei lidar com a responsabilidade da felicidade. A felicidade guardada na bolsa ou na vida. Eu tenho um homem lindo me esperando essa hora, e eu quero com todas as células do meu corpo ir ao encontro dele. Mas eu não sei lidar com tanta felicidade, por isso estou planejando a morte dele.Estou planejando matá-lo com minha estupidez, quero que ele morra fulminado pelas minhas armas de boicote. Quero que ele perceba o quanto sou chata, ciumenta, louca e doente. E que ele enjoe logo da minha cara abatida de intensidade. Que ele pegue logo bode do meu cansaço em viver tanto, porque vivo muito mesmo quando estou deitada olhando para um ponto fixo.É tão cansativo ser eu mesma com todos os meus medos e neuroses, e quero que ele sinta o fardo do meu peso. Morra e me liberte dessa alegria incontrolável. Passe desta para uma melhor, porque eu sou um lixo.Eu lembro daquele conto da Clarice em que a garotinha ruiva guardava os contos para ler depois, porque queria prolongar o mistério da felicidade. Pois eu quero mais é botar fogo em todos os contos de felicidade que a vida escreve para mim, porque por alguma razão maluca a felicidade me escraviza, me paralisa, me faz ficar triste. Eu olho para você e tenho tanta, mas tanta alegria em saber que você existe, que sinto ódio. Ódio de eu não mais esperar por você.O sentido da minha vida era encontrar você. O motivo para eu seguir adiante nos corredores escuros e bater em portas obscuras, era a sua busca. Agora que você está sentado numa sala clara e óbvia, não preciso mais me enfiar em buracos. Mas os buracos eram a única trilha que eu conhecia.Você me soltou na atmosfera e eu estou voando. E eu sinto saudades do buraco, da espera, da angústia. Eu sinto falta de olhar triste para o espelho e me sentir metade. Agora que eu tenho você, nem perco mais meu tempo olhando para o espelho, porque só tenho olhos para você. Você me roubou de mim mesma. E eu sou tão ciumenta que estou com ciumes de mim. Você me tirou da minha vida incompleta. E me transformou numa completa idiota. O amor é uma doença. Eu sinto náuseas, febres, dores musculares. Eu acordo assustada no meio da noite. Eu choro à toa.Eu estava do lado da sujeira, eu era a outra, eu estava por dentro do crime. Você me fez sentir um mundo limpo, verdadeiro e eterno. E esse mundo é tão novo pra mim, que eu te odeio. Que eu estou pequena nele, e preciso de você o tempo todo para me abraçar e dizer que está tudo bem. E quando você não está por perto, eu caio. Porque não sei nada desse mundo de alegrias e coisas bonitas. Você não me deu saída. Você transformou todas as vozes que me davam escapatórias para outros corredores, em sons sem lábia. Minhas saídas perderam as escadas escuras e charmosas, porque você lavou meu chão de imundícies com amaciante Fofo.
Se eu tentar fugir, escorrego no perfume da minha nova vida. A nova vida que não sei viver. A nova vida que quero viver ao seu lado. Ao lado do homem que eu odeio porque nunca amei tanto.
Ao lado da felicidade que eu odeio porque se ela acabar, não sei mais se consigo voltar pra casa. E nem se quero.Era eu, entende? Era eu que me atracava com o lado errado da vida para estar sempre certa. Era eu a resposta para todas as perguntas que ninguém tem coragem de perguntar. Sim, o mundo é imperfeito, as pessoas traem, o amor não existe, seu marido me come, seu namorado me come, o mundo quer me comer enquanto você borda seu laço cor-de-rosa.Agora eu estou aqui, inconformada com o seu passado, querendo matar suas lembranças. Com ciumes do seu silêncio porque ele está com você há mais tempo do que eu e eu tenho medo do quanto ele te consome, com ciumes do seu sono porque ele te leva do meu foco.Com raiva da sua importância porque ela me congela, com raiva do tempo que não dura para sempre quando você me olha sabendo das minhas loucuras e ainda assim me amando. Agora eu estou aqui, querendo que todos os amores do mundo durem para sempre, e que nenês nasçam, e que árvores cresçam e que garotas vagabundas não nos invejem e que os desejos das nossas sombras não nos traia.
Agora eu estou aqui, de quatro, de lingua no chão, te odiando muito, virando a cara, socando você, cuspindo em você, te tratando mal, tudo isso porque não sei lidar com o mundo girando na minha barriga, a tontura do amor, o enjôo do vício em você, a dor do músculo quando me separo.
Pode parecer maluco, mas todas as minhas súplicas para que você desista de mim, é um jeito maluco de pedir que você não desista nunca, pelo amor de Deus.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Só numa multidão de amores

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Eles não estavam trocando juras de amor, não andavam de mãos dadas, nem se chamavam por nomes infantis. Não tinha pieguice romântica ali. Mas foi a cena mais doce que eu vi: dois olhares se encontrando. Não só se encontrando: se confortando, se sabendo, se completando. Eu notei que eles eram algo além de amigos, que se desejavam e se protegiam, e foi só pela cumplicidade dos olhos, que deixavam de ser dois e se enlaçavam quatro.Eu quis então ter um olhar pra mim. Não alguém pra chamar de meu, como diz o clichê, como grita a conveniência, mas um olhar que fosse meu por puro encaixe. Foi um pouco de inveja, talvez. Eu soube naquelas duas pessoas que elas não se sentiam sozinhas ou perdidas. Que mesmo depois de um dia cheio e chato, tinham uma certeza de carinho. E eu quis. Quis algo além da rotina do trabalho e gente fabricada com seus narizes perfeitos e cabelos penteados. Quis algo certo como o frio na barriga e a respiração travada, o coração esquecendo de bater. Quis algo errado que me fizesse bem só por escapar do caminho óbvio de toda noite. Uma espera no fim do dia, sabe? Essa espera. Não a espera de uma vida toda sem saber o que buscar pra ser feliz. Só sair do dia igual pra ter uma noite diferente. E tornar esse diferente comum só porque é bom estar perto.Todo o amor que eu sufoquei por excesso de razão agora grita, escapa, transborda. Estou só numa multidão de amores, assim como Dylan Thomas, assim como Maysa, assim como milhões de pessoas; assim como a multidão de amores está só, em si. Demonstro minha fragilidade, meu desamparo. Eu não procuro alguém pra pentencer e ter posse, só quero uma fonte segura de amor que não dependa das obrigações, das falas decoradas, dos scripts prontos. Eu sei que eu abri mão de várias oportunidades. Sei que fiz pouco caso do amor que me entregaram de maneira pura e gratuita, só porque eu achava que podia encontrar coisa melhor. Se as pessoas estão sempre indo e vindo, eu só queria alguém minimamente eterno em sua duração, que me fizesse parar de achar normal essa história de perder as pessoas pela vida. Vou embora querendo alguém que me diga pra ficar. Estou sempre de partida, malas feitas, portas trancadas, chave em punho. No fundo eu quero dizer "Me impede de ir. Fica parado na minha frente e fala que eu tenho lugar por aqui, que não preciso abandonar tudo cada vez que a solidão me derruba. Me ajuda a levar a vida menos a sério, porque é só vida, afinal." E acabo calada, porque não faz sentido dizer tudo isso sem ter pra quem. Eu não quero viver como se sobrevivesse a cada dia que passo sozinha. Não quero andar como se procurasse meu complemento em cada olhar vago. Eu acho que mereço mais que isso por tudo o que eu sei que posso fazer por alguém. E fico só esperando, na surpresa do dia que eu desencanar de esperar, um par de olhos que me faça ficar sem nenhuma palavra, nada além de dois olhos se enlaçando quatro. Nessa multidão de amores, sozinho é aquele que não espera.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Olhos de ressaca

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Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Essa moça tem relacionamentos estranhos[...] E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário... por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.

O que eu quero de você

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Quero acordar do seu lado num domingo de manhã e saber que não temos hora para sair da cama. E, depois, ir tomar café na padaria e ler o jornal com você. Quero ouvir você me contar sobre o trabalho e falar detalhadamente de pessoas que eu não conheço, e nem vou conhecer, como se fossem meus velhos amigos. Quero ver você me olhar entre um gole de café e outro, sem nada para dizer, e apenas sorrir antes de voltar a folhar o caderno de cultura. Quero a sua mão no meu cabelo, dentro do carro, no caminho do seu apartamento. Quero deitar no sofá e ver você cuidar das plantas, escolher a playlist no ipod e dobrar, daquele seu jeito metódico e perfeccionista, as roupas esquecidas em cima da cama. E que, sem mais nem menos, você desista da arrumação, me jogue sobre a bagunça, me beije e me abrace como nunca fez antes com outra pessoa. E que pergunte se eu quero ver um DVD mais tarde. Quero tomar uma taça de vinho no fim do dia e deitar do seu lado na rede, olhando a lua e ouvindo você me contar histórias do passado. Quero escutar você falar do futuro e sonhar com minha imagem nele, mesmo sabendo que eu provavelmente não estarei lá. Quero que você ignore a improbabilidade da nossa jornada e fale da casa que teremos no campo. Quero que você a descreva em detalhes, que fale do jardim que construiremos, e dos cachorros que compraremos. E que faça tudo isso enquanto passa a mão nas minhas costas e me beija o rosto. Quero que você nunca perca de vista a música da sua existência, e que me prometa ter entendido que a felicidade não é um destino, mas a viagem. E que, por isso, teremos sido felizes pelos vários domingos na cama e pelos sonhos que comparilhamos enquanto olhávamos a lua. Que você acredite que não me deve nada simplesmente porque os amores mais puros não entendem dívida, nem mágoa, nem arrependimento. Então, que não se arrependa. Da gente. Do que fomos. De tudo o que vivemos. Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos. Que termine com a sensação de ter me degustado por completo, mas como quem sai da mesa antes da sobremesa: com a impressão que poderia ter se fartado um pouco mais. E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida. Que você nunca mais deixe de pensar em mim quando for a Londres, escutar Dream' Bout Me ou ler Nick Hornby. E, por fim, que você continue a dançar na sala. Para sempre. Mesmo quando eu não estiver mais olhando.

sábado, 15 de janeiro de 2011

O Amor

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Semana passada liguei pro meu melhor amigo e convidei para um cinema. A gente não se falava desde o ano novo, quando tudo deu errado pro nosso lado. De tempos em tempos sumimos, falamos umas coisas horríveis de quem se conhece demais. Ele topou desde que fosse daqui pra frente, preguiça de conversar da briga e tal. E fomos. Cheguei antes, comprei. Ele chegou depois, comprou água. Porque eu comprei os ingressos, ele comprou também uns doces e disse que pagaria o estacionamento. Porque ele pagaria o estacionamento, eu disse que daria a carona da volta. E com meu coração tão calmo eu voltei a sentir o soninho de sofá de casa com manta que sinto ao lado dele. A gente não se beija nem nada, mas quando vai ver pegou na mão um do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe. Já tivemos nossos tempos de transar e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente. Mas evoluímos para esse amor que nem sei explicar. Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala "ah, enjoei, ela era meio sem assunto" e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo "ah, ele não entendeu nada" e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase quinze anos. Somos pra sempre. Ele conta do filme que tá fazendo, eu do livro. Os mesmos há mil anos. Contar é sem pressa de acabar. Se ele me corta é como se a frase que eu fosse falar fosse mesmo dele. É um exibicionismo orgânico, como se meu silêncio pudesse continuar me vendendo como uma boa pessoa. São quinze anos. É isso. Ele me viu de cabelo amarelo enrolado. Eu lembro dele gordinho e mais baixo. Ele sempre comprou meus testes de gravidez, mesmo a suspeita nunca sendo nossa. Eu já fui bem bonita numa festa só porque ele queria me fazer de namorada peituda pra provocar a ex mulher. Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito. E eu sofro porque com pouco tempo não consigo ser melhor que o muito tempo. E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dou tempo de ser muito para esses amores porque estrago antes. Mas meu melhor amigo é meu único amor. O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo. E ele vai comigo na pizzaria e todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados "alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor" e mais uma vez rimos da piada que inventamos, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra". E esse é meu presente dessa fase tão terrível de gente indo embora. Quem tem que ficar, fica.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Eu te amarei de uma forma da qual você desconhece

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Amarei seus defeitos, seus erros, seus medos. É muito fácil amar um retrato, uma perfeição, um sorriso, um olhar, um beijo. Mas é complexamente forte amar alguém por um choro, um desentendimento, uma irritação. Raramente se ama alguém dessa forma, é relevante dizer que só pode se amar de tal maneira quando se conhece verdadeiramente tal pessoa. É fácil entender, as aplicações do amor podem ser sensatas ou não, podem ser vindas da paixão, ou não. Quando de certo modo se afeiçoa a alguém por seus defeitos, o relacionamento se torna duradouro e completo. Eu a amo por completa, seja nos sorrisos ou nas lágrimas, eu estarei ali, seja na corrida ou no descanso, eu te acompanharei, e quanto aos nossos defeitos? Que os amemos mais do que as qualidades, isso garante o eterno.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Não faço nada

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Eu fico o tempo todo querendo te agradar. Ele disse. Antes de começar a procurar o problema da minha geladeira que geme a noite inteira. Eu pude ler naquele segundo uma imensa lista idiota que passava em sua cabeça.Restaurante caro, abrir a porta, trazer flores, ligar no dia seguinte, pagar a pousada, dizer coisas bonitas ao final do dia, dizer coisas bonitas quando amanhece, gostar das mesmas coisas que eu, se interessar, ao menos, pelas minhas coisas. Me comprar uma planta. Consertar minhas coisas. Me levar no exame de sangue. Falar de mim para os filhos. Uma lista enorme. Enorme. Coitado. Senti pena. Foi isso. Pena. A pior coisa que se pode sentir por alguém. Exatamente o que sentimos quando somos assim, incapazes desse tipo de amor agradecido ou contemplativo ou amor. E porque senti isso e não estou suportando é que resolvi dizer a verdade. Não faça nada. Quer me agradar de verdade? Não faça nada. Eu não vou gostar de você. Nunca. Jamais. Eu jamais vou gostar de alguém. Se você começar, vou tornar sua vida um inferno. Uma vez me agradando, essa será sua rotina eterna. Sem fim. Porque nada me agrada. E tudo sempre será pouco e ridículo e até ofensivo. Então, nem comece,
nem tente, não faça nada.
Eu nem estou vendo você. Percebe? Não me peça para abrir os olhos no meio da minha tentativa de me sentir através de você. Não brigue comigo porque não sei permanecer em nós na hora do brinde. Eu sequer vejo você, como posso ver isso que chama de “nós".Só me empreste seu rascunho, deixe que eu termino o desenho. Me empreste seu contorno, deixa que eu preencho, recheio, enfio coisas aí. Me empreste isso que é você e que vaga por aí. Eu dou nome e dor e limites e histórias. Eu dou tudo. Deixa. Por favor. Se vire. Se quiser ficar por aqui mais um tempo, se vire. Seja nada, por favor. Me deixa fazer, por favor. Me empresta sua altura para eu subir. Me empresta seu silêncio para eu morrer. Me empresta sua volta para eu viver. Me empresta sua boca para eu me beijar. Me empresta seu pinto para eu me comer. Me empresta sua gana para eu gritar.Me empresta seu sorriso para eu achar graça na vida. A sua língua para eu me engolir. A sua preguiça para eu cansar um pouco de mim, também preciso disso. E o quente das suas costas para eu dormir comigo. E o seu desejo para eu sentir que piso nesse mundo. Esteja aqui para que eu esteja. Por favor. Só isso. Tenha fome para que eu sobreviva. Pense em mim para que eu exista. Me leia para que eu seja. Nunca, jamais, diga coisas absurdamente suas porque quando eu não mais puder me ver em você, acabou. Entende? Se eu não puder me ver em você, não resta nada. Então, não diga, não faça, não opine, não brigue e, principalmente: não me agrade. Eu me agrado através do que vejo de mim em você. Então, jamais, em hipótese alguma, me ame com propriedade. Seu amor de surpresa é uma solidão terrível. Me ame com o meu amor de sempre. Me ame apenas com o que tem de mim em você. Me compre com o dinheiro que eu depositei em você. Não quero nada seu. Sou como a minha geladeira, to sempre gemendo, precisando de conserto, fria, nova, escandalosa. Mas se você encostar nela de novo, com sua vontade de arrumar minha vida, eu te expulso daqui.Sou demais pra mim, me leve embora. Guarde um pouco com você. Não, não traga suas coisas. Leve as minhas. Divida. Sua casa é maior, seu peito, seus anos. Divida comigo eu mesma e já teremos problemas e soluções e motivos para duzentas vidas. Seja eu e por favor veja o que dá pra fazer com isso. Porque eu não sei. Apenas apareça de vez em quando e traga um pouco de mim. Não muito e não sempre e não demais, para que eu sinta saudades e possa sonhar comigo, para que eu consiga pensar em mim. O que mais faço é na verdade o que jamais fiz. Nem por um segundo. Pensar em mim. Gostar de mim. Sempre e nem por um segundo. Não faça nada. Seja um vegetal ligado a minha máquina a todo vapor.Eu trabalho pra você. Eu dou vida pra você. Eu te bombeio, deixa. Continue respirando ligado a mim. Só não desliga seu corpo que minha máquina pára.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O velho, o cachorro e a gota de suor

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Estou sentada com você ao meu lado. A magreza do seu joelho me parece ser nesse segundo a única coisa que realmente faz o mundo girar. Olho pro seu joelho e quero uma página branca de Word pra escrever "a magreza do seu joelho me parece tão forte agora que faz o mundo inteiro girar". Como é bonita toda a sua magreza e toda a sua altura e o seu andar de coqueiro que dança, se espalha, seduz o ar, mas é tão preso no chão que ainda mata sedes. Está escurecendo e daqui seis horas é ano novo. Preciso começar do zero. Combinei comigo que vou escrever sobre outras coisas e não mais sobre essa única coisa sobre a qual escrevo. Veja você que estava eu com um cara até ele ler meus textos. Veja você que depois eu estava com outro cara até ele também ler meus textos. Te conto isso e você me diz "nós somos inseguros demais e queremos uma garota normal, entende?". Passa então um velho com um cachorro apesar da placa dizendo que é proibido cachorro na praia. E eu tento desfocar do tanto que o seu joelho me oprime e foco no velho. Não quero mais a página em branco do Word. A verdade, meu querido, é que estou cagando para o velho e seu cachorro e para a placa e para a praia. Você com seu joelho e com seu riso largo demais para o charme de maldade que você tenta impor. Você com essa única gota minúscula de suor dependurada no queixo. Você com esse cheiro bom que é mais forte dentro da "canaleta" que vai do centro do seu pescoço até o meio das costas. Você com esse buraco no meio do peito. O que é isso? Você levou um tiro? O que é isso que me dá vontade de te afundar um murro do tamanho da sua pose ou ficar pequena pra dormir de conchinha no centro do seu peito? Olhando para o cachorro que agora vai longe com o velho, Clarice faria um lindo texto sobre a solidão humana ou sobre o fim da vida ou sobre a amizade sem palavras ou sobre como é mais bonito quando um ser aceita ser inferior. Os barbudos melancólicos eternamente tentando inventar um novo jeito de ser o antigo. Os barbudos melancólicos do Mercearia fariam um texto sobre esse velho trepando com o cachorro, sobre a tentativa de não se vender ao sistema e contemplar a vida numa praia, andando com um cachorro. Eles fariam esse texto e se celebrariam e se publicariam e se premiariam. E eles são escritores respeitados. Eu sou apenas a garota angustiada, de cabeça metralhadora, de tremedeira na existência, de maxilares travados de tanto que dói gostar tanto de tudo. Eu sou apenas a garota que tenta ser amada. E sou profundamente amada por alguns meses, até o garoto segurar firme a minha mão e dizer "nós somos inseguros e queremos uma garota normal". E então eu me pergunto se não deveria lobotomizar meu cérebro pra pensar menos, lobotomizar meu coração pra sentir menos, lobotomizar meu espírito pra estar agora menos obcecada pelo seu joelho magrelo. E então eu falaria pouco, teria alguma profissão sonsa dessas que a pessoa fica em cima de apostilas na madrugada ao invés de estar abaixo das estrelas e você poderia me dar a sua mão magrela e nós andaríamos pelas ondinhas secas que fazem bordas de espelho para nossas pernas que seguem juntas. Ou, se ser escritora fosse forte demais, que eu começasse então a escrever sobre o velho e o cachorro. Quem quer bancar a menina que escreve sobre suores e joelhos e cheiros? Eles são inseguros e querem uma garota normal, entende? Você agora penteia o cabelo pra trás, a gotinha de suor pinga na areia fazendo uma lágrima. Você se levanta e vai nadar sozinho. Antes, você se esbarra inteiro no meu corpo, como sempre faz só pra me atordoar e só porque é bem legal ter uma mulher como eu prestando tanta atenção em vocês. Vocês saberiam melhor o que fazer se eu fosse normal, mas algo dentro dessas covardias machistas simplórias e primatas ainda consegue distinguir como é bem legal ser admirado por uma mulher como eu. Antes de me deixar pirando em toda a sua magreza que flutua pelo mundo como uma música leve e impossível de tirar do repeat, você olha pra trás e diz: "mas deve ter alguém que não tenha medo". E eu jamais poderia escrever sobre o velho e sobre o cachorro, até porque eles desapareceram e eu nem percebi.

Eu prometo

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Eu prometo que te mando inúmeras mensagem de boa noite. Que vou sentar no banquinho da praça contigo. Te pego no colo. Prometo que vou prestar atenção no que meu amor diz. Passo devagarzinho a mão na sua cintura. Prometo que te deixo quietinha e que vou te fazer um carinho sempre, estando bem ou mal. Te chamo de minha linda. Prometo que vou sentar do seu lado na mesa. Prometo que vasculho o seu celular e não fico bravo. Prometo que te digo sempre que você tá linda, porque pra mim você tá sempre linda, mesmo toda despenteada, é a mulher mais perfeita do mundo. Prometo que vou te dar meu moletom pra você dormir no inverno. E se quiser, ainda durmo agarradinho contigo. Respiro devagarzinho perto do seu ouvido. Prometo que fecho sua boca quando tiver falando demais. Que acho graça das suas besteirinhas e até te ajudo. Prometo que não viro muito amigo das suas amigas. Prometo que te escrevo num papelzinho. Que te olho de longe e sorrio. Prometo pra você… Prometo que vou te amar pra sempre e te fazer a mulher mais feliz do mundo.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Nada é muito quando é demais

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Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde.Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais.