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terça-feira, 21 de junho de 2011

Como amar um homem inseguro

Alcoolizada, cercada de amigos, cheia de opiniões e feliz da vida, consegui apenas um sorriso seu. Meio sem graça, meio sem entender, ele sabia que se tratava de uma mulher, mas não tinha a menor ideia do que fazer. Eu derrubava o queixo em seu joelho, apoiava alguns dedos em sua nuca, molhava a boca toda tomando o cuidado de devolver os lábios um pouco mais entreabertos. Enfiava o decote no seu nariz. Nada. Ele continuava falando sobre bandas de rock para as quais ninguém dava o devido valor.Gay era uma opção, mas ele insistia em falar comigo, segurar timidamente meu braço, mandar mensagens fofas. Babaca era outra opção, mas o papo, apesar da obsessão por bandas ruins, era bem bom. Mau gosto era a terceira opção. E era exatamente esse o caso: ele gostava de princesinhas. O tipo de garota de unha francesinha que fica corada ao ouvir "oi". Homens inseguros são loucos por esse tipo de mulher, que exala desconhecer uma boa chupada, uma boa trepada, uma boa pegada, uma boa noitada, e uma infinidade de "adas". Essas florzinhas virginais são sopros de esperança em seus ouvidos arcaicos.O correto era desistir do rapaz e torcer para que alguma prima do interior o fizesse feliz. Mas vejam meu problema: o rapaz tinha um perfume de testosterona que percorria toda a sua coluna vertebral e o cheiro já havia estuprado meus poros. Eu precisava comer o rapaz e já estava na fase mais doentia da obsessão.Assim como homens traçam estratégias de acasalamento e inventam os mais diferentes personagens para isso, mulheres também sabem a hora de criar um perfil falso para copular com seus escolhidos. De vestido de bolinhas, sapatilha rosa e olheiras de musa inspiradora de poeta tuberculoso, fui até sua residência em um dia de profunda tristeza e solidão.Na sala de sua casa, tomei o cuidado de sentar travando as coxas. Abaixei os olhos, tentei falar de bandas ruins, me esforçando para parecer bem sem opinião a respeito de tudo. Tremi o timbre da voz e sorri sem mostrar gengivas. Mulher que mostra a gengiva quer dar. E o pior: quer dar sem medo de ser feliz.Ele sentou bem perto. Eu caminhei 2 centímetros para o outro lado. Ele sentou mais perto. Eu mordi nervosa o cantinho da unha. Ele apertou meu braço e eu, no auge de minha interpretação, corei. Eu disse a ele "não posso, eu.. e se eu ficar nervosa.. e se eu não souber e.. não, não..", e foi então que o garoto teve sua maior e mais duradoura ereção.Durante o ato, para que ele seguisse imponente e confiante, simulei dores, cansaços e tremores. Talvez eu tenha chorado, não me lembro agora. Mas certamente agi como se aquela fosse uma decisão tomada por ele. Eu era um presente para o caçador.E assim consegui. No dia seguinte, ele ligou daquele jeito meio por obrigação, querendo fazer graça e se desculpar porque não nos casaríamos em uma cerimônia para 300 talheres de ouro. Tadinhas de nós, moças enganadas.

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