Quero mais tua boca macia na minha pele, quero mais dedos entrelaçados e conversas na varanda enquanto o fim da tarde deixa aquela brisa geladinha invadir a casa. Quero esquecer de propósito minha blusa em casa só para passear por aí com a sua e me agarrar no cheirinho do seu perfume, te encontrar a cada vez como a última chance de me arrancar uma réstia de sorriso nesse tempo tão monótono e triste. Não, não tenha medo de mergulhar na profundidade que somos nós e que eu também não conheço por enquanto, mas me deixe te levar. Não sei nadar ainda, assim como você, mas com você eu não tenho medo de afundar. Porque você é capaz de me salvar só com um olhar compreensivo quando as coisas vão mal, e segura forte a minha mão como se eu deixasse de despencar de um abismo só porque sua mão grande estivesse agarrada firme à minha. E aí eu já não tenho mais medo de cair. E se eu te ligo várias vezes no dia, e se a cada vez que ligo não consigo suportar a demora para atender, é porque preciso escutar a sua voz totalmente segura pra me dar um chão quando tudo parece desabar. Eu sei que é meio individualista isso, mas eu preciso que você me segure ou me dê um chacoalhão pra despirar um pouco a cabeça, e é por pura necessidade de quem precisa e só pode dar amor em troca. Preciso tanto te cuidar para garantir à mim mesma que estou no caminho certo e que o seu carinho não passa batido, preciso passar a mão no seu cabelo como se você ainda fosse um menino. Preciso me sentir viva e isso é coisa que só você conseguiu até hoje, então por favor, don't go away. Parece até que você é o meu ar, que controla meu coração de alguma maneira bizarra ou sei lá, só sei que longe de você eu enlouqueço um pouco mais e preciso me agarrar aos seus dedos para não cair.
Eu sei que essa necessidade toda é assustadora, mas a mais assustada da história sou eu por sentir que não consigo mais ser independente em nada. Não sei agir dessa maneira, não sei não ter controle e só sinto que tenho um pouco de paz quando visto a sua blusa ou sinto a ponta dos seus dedos nos meus braços. Ou quando você chega silencioso e me abraça forte como se entendesse a necessidade do silêncio naquele momento e conseguisse resumir tudo naquele abraço. Como se você tivesse o poder de puxar para si todas as coisas pontudas que doem de dentro de mim me envolvendo nos seus braços. E aí o mundo inteiro pode acabar, a Terceira Guerra Mundial pode começar, um vendaval pode levar nossa varanda que eu não ligo. E me sinto segura, me sinto bem, como se seus braços pudessem me proteger de tudo o que existe - dentro e fora da minha cabeça. Não vá embora. Estou aqui como criança indefesa que pede humilde um carinho um colo ou qualquer coisa que ofereça calor - então fique só mais cinco minutos. E daqui a cinco minutos, te pedirei só mais cinco.
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