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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Uma completa idiota

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Atire a primeira pedra quem nunca se apaixonou - e tome uma pedrada na cabeça porque quem nunca se apaixonou não sabe como é se sentir imortal. Imortal. É exatamente assim que se sente uma pessoa apaixonada. E disso eu posso falar com um bagageiro cheio de conhecimento de causa. Sabe chegar em casa e não sentir os pés tocarem o chão? Sabe acordar rindo sozinha igual uma idiota? Sabe rir sozinha no meio dos outros, sem motivo (idioooota)? Sabe seu coração disparar quando seu celular toca e você vê o nome dele piscando? Sabe engasgar com o ar porque o ritmo da sua respiração tá diferente durante o dia? Sabe fazer loucuras que você jamais faria em sã consciência? Sabe achar tudo que ele fala lindo? Sabe não achar defeito nenhum em uma pessoa? Sabe quando a pessoa fica on-line no MSN e você tem vontade de beijar o monitor? Sabe quando ele vem teclar com você e você fica prestando atenção na janela “fulano está digitando uma mensagem” pra ver o que é que ele vai escrever? Sabe sentir um frio na espinha quando você chega perto da pessoa e achar que o mundo parou? Sabe a pessoa te convidar praquele programa que você detesta e você ir feliz? Sabe ir ao aniversário da tia-avó com ele e achar tudo lindo? Sabe achar tudo lindo? Tuuuuuuuuuuudo lindo! Sabe de repente as cores das coisas ficarem mais vivas e até filme antigo ficar colorido? Sabe querer dançar até com aquela música baranga que você odeia? Sabe olhar pra placa de todos os carros iguais ao dele na rua pra ver se é ele? Sabe suas amigas não te agüentarem mais porque você só fala dele? Sabe querer viver pra sempre? Sabe descobrir que sua alma é brega? Sabe um texto não ter fim porque você fica lembrando de tudo que você faz e que na verdade todas essas coisas só te deixam parecendo uma idiota? Sabe se sentir a idiota mais feliz do mundo? Eu sei.

Minha dor é a pior

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Amar dói tanto que você fica humilde e olha de verdade para o mundo, mas ao mesmo tempo fica gigante e sente a dor da humanidade inteira. - Tati Bernardi

Choro mesmo, me descabelo pra caramba, queimo meus neurônios com probabilidades mil acerca de nós, e deixo todo mundo ver. Me exponho aqui, coloco minha cara a tapa, e que atire a primeira pedra quem nunca teve um choro meio ridículo por amor. Me abro, arreganho meu coração à fórceps, deixo a mostra minha dor e ainda cutuco com um pauzinho quando escrevo sobre tudo o que sinto. E todo mundo vê, alguns se doem junto comigo, outros se recordam como é a dor de amor. Essa dor de não se importar consigo mesmo e se deixar a Deus dará só porque parece tão mais importante se o outro está sofrendo também. Me poupe! "Acorda, menina", repito para mim mesma. "Ele não está aqui para cuidar de você!". Sou eu, eu mesma e meu amor que lateja no peito nesse deserto imenso que parece o mundo.
Sendo bem egoísta, ainda pensamos que ninguém sente igual, que a dor é só nossa. Minha dor é a pior das piores do mundo - e não discorde! Eu te amo. Caramba, eu te amo. Tô ferrada. Eu sei, meus amigos sabem, a vizinha da frente sabe, minha mãe sabe, meu travesseiro sabe, vocês sabem, todo mundo sabe - menos você. Tenho coragem suficiente pra contar pra todo o planeta, mas pra você meço meia dúzia de palavras repensadas cinco vezes e já basta. Não me entrego. Só essas palavrinhas já são capazes de me doer por três dias e revirar o estômago num looping. Porque expor a você minhas dores é cutucar a ferida do coração com pauzinho. Mas parece dez vezes mais doloroso quando é pra você que falo. Quando é com você, parece que o tal pauzinho ainda tem um monte de pontas que ardem no peito e tiram meu ar. Tudo parece pior. A idéia de deixar você saber que ainda me dói é terrivelmente amarga e assustadora. Prefiro revelar para 100 pessoas anônimas aqui do que falar pra você. E acredite, tudo o que eu queria era te contar que ouvir seu nome ainda me causa arrepios pelo corpo todo. Que olhar tua foto ainda me dá um leve embrulho no estômago. Que eu quis chorar por ter ficado feliz de saber que você lembrou de mim naquele dia. Que tem um nó na minha garganta brotando em cada lembrança gostosa sua. Que às vezes eu sufoco um choro baixinho no chuveiro. Que fiz uma força tremenda pra sorrir ao invés de sair correndo quando vi sua amiga na rua. Tudo, tudo o que eu queria conseguir dizer é isso: eu te amo. Sou péssima em atuação, e por isso mesmo escrevo. Não sei fingir que estou totalmente bem e limpa. Com dor, muita dor, me afasto pra disfarçar. Finjo que esqueci, que não tô nem aí se não vou mais te ver. Nem por acaso, se meu santo for forte. Bate o desespero: eu não vou mais te ver. Caramba, tô expulsando da minha vida a pessoa mais especial e carinhosa que me apareceu! Não vou mais te ver. Estou te expulsando a socos, junto com a minha dor. Engolindo sapos, perdendo ciente da perda - e acho que é o que mais incomoda nisso tudo. A perda, a ausência, o vazio. O desamor deixa mais feridos que o amor, o vazio se torna pior que o sofrimento. Eu sei que, daqui a pouco, dentro do coração vai fazer até eco. Faço a desinteressada, enquanto fuço seu orkut a cada dez minutos. Finjo ignorar, enquanto acompanho cada passo teu. Sorrio, enquanto tudo dói. É difícil ser humano, porque quando atingimos o ápice da humanidade é no momento em que doemos. Na dor, tornamo-nos humildes. Afundando na minha dor, preciso finjir tranqülidade mesmo quando quero fugir. Preciso te fazer acreditar que estou completamente bem enquanto estou no chão com o bendito do pauzinho cutucando meu coração. É exatamente isso: humildade. Reconhecimento das minhas fraquezas. E eu aqui tão boba, me doendo inteira por dentro e só desejando a sua felicidade. Que inferno ser humana! Inferno ser eu, me importar tanto com você, ser essa que mesmo de longe ainda anseia por notícias. Que doa, então. Que doa, doa, doa. E que passe. Quero acreditar que assim como os relacionamentos, nenhuma dor é eterna. E essa parte você pode anotar.

Todos os outros

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Todos os outros só me serviram pra provar o quanto ele era perfeito, mesmo sendo o mais cheio de defeitos. Todos os outros só me trouxeram uma saudade ainda mais dolorida dele, só me fizeram querer ele mais perto, só me deram forças pra buscá-lo. Nenhum foi amor, nenhum foi paixão, nenhum foi motivo de insônia ou de sono profundo. Todos os outros foram apenas pedagogia, um jeito que Deus encontrou de me ensinar que ele era o certo. Com nenhum eu quis ver estrelas, nem ter filhos, nem casar. Com nenhum eu quis casa no campo, nem promessas, nem futuro. O tempo todo o meu futuro esteve com o cara que ficou no meu passado. Os meus olhos já não disfarçam a frustação de ter passado por todos os outros como quem passa por nenhum. O meu corpo cansou de não ser entregue e a minha alma cansou de vê-lo tão solto e ao mesmo tempo tão longe de todos os outros. De uns eu tive compromisso, de outros expectativas e dos restantes apenas o sabor da conquista. Mas de todos os outros eu tive mais que dele, eu tive muito e tive tudo, só que 'tudo' era 'nada' porque nenhum era ele. Eu ganhei olhares, presentes, beijos e milhões de esperanças de que poderia dar certo. Mas eu tinha perdido ele e sem ele todo o caminho era escuro, sem graça, nojento e errado. Com todos os outros foi 'amor' de meia hora, de 3 meses, de 2 anos, mas com nenhum foi amor de uma vida ou de 3 mil vidas como foi com ele. Eu tive frequência nas ligações, eu tive "namorando" no orkut, eu tive amizade colorida e nada disso me deu tanto prazer quanto ver as tentativas frustradas dele de não demonstrar sentimentos. Todos os outros compraram um lugar, mas nenhum deles teve assento, todos ficaram em pé enquanto ele tinha camarote de graça. Eu não deitei o meu cabelo molhado no peito de nenhum, eu não fiz nenhuma outra barriga de travesseiro, eu não pedi de nenhum fidelidade e todos os meus ciúmes foram fingidos. Porque eu concentrei todas as minhas forças nele, e só no peito dele os meus cabelos poderiam se enroscar, só na vida dele a minha vida faria sentido, só na fidelidade dele eu descansaria o meu ciúme doentio. Com todos os outros eu tentei esquecer... com nenhum deles eu consegui!

domingo, 28 de novembro de 2010

Fica na minha vida pra sempre?

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Você não precisa mais de chocolate. Agora, você tem um cidadão que te causa o mesmo efeito. Que te dá uma sensação boa pelo corpo inteiro. Que te dá energia e que te dá gosto. Que dá gosto de olhar, de tocar, de sentir, de beijar. Ele dirige bem seu carro, seu corpo e, se sua vida fosse um filme, ele poderia ser o diretor. Ou o personagem principal. Ele escreve as coisas mais lindas que você já leu e, mesmo assim, ele consegue ler seus textos cheios de clichês. E ele é meio clichê do seu lado. Ele fala que te adora. Te chama de linda. Diz que te quer pra sempre. Mas enquanto o pra sempre não chega, você quer aproveitar cada segundo do lado dele. Você queria não ter hora pra ir embora. Você queria que ele não fosse embora. Você só queria rir com ele à noite inteira. E queria que a noite inteira não tivesse fim. Pra vocês falarem besteiras. Pra jogar conversa fora. Pra você falar das coisas fúteis sem parecer estúpida. Pra ele rir porque o álcool é intolerante a você. A noite é sempre perfeita. Você bebe uma ou duas doses da sua bebida favorita e ri horrores. Ri porque se diverte com ele. Ri porque ele consegue ser mais bobo que você. Ri porque não entende como pode ser tão gostoso estar do lado daquele cara que nada sabe sobre você e gosta da sua companhia mesmo assim. Ri porque está feliz com tão pouco. Está feliz de estar ali. E queria estar ali pra sempre. Você ri porque ele não é nada daquilo que você imaginou pra sua vida. Mas ele te convence, sem palavras, de que é o cara perfeito pra você. E faz com que tudo que você viveu antes dele pareça tão morno. Faz com que os outros caras que já passaram pela sua vida pareçam tão pouco. Ele admira seu sorriso. Diz que seu corpo é lindo. Adora seu cabelo. Suas pernas. Beija sua mão. Beija seu rosto com um carinho ingênuo. Toca sua pele e faz você se sentir uma adolescente. Ele te abraça e muda o ritmo da sua respiração. Porque, na verdade, ele mudou sua vida. Ele não fez nada pra isso, mas te faz a pessoa mais feliz do mundo. Você não quer mais nada dessa vida. Quer ele. E só. Quer ele te abraçando com aquela mão macia. Com aquele corpo quente. Aqueles olhinhos brilhando do seu lado. Aquele olhar que fala sem palavras. Aquele sorriso mais do que fofo. Aquele cara que chegou e te rendeu sem o mínimo esforço. Por quem você abandonaria todos os outros caras interessantes que te ligam sábado à noite. Deletaria do seu celular todos os números de telefone. Por quem você largaria todas as outras propostas. Arriscaria começar tudo de novo. Ele é o cara pra quem você olha e pensa: fica na minha vida pra sempre?

sábado, 27 de novembro de 2010

Acho que o nome disso é felicidade

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Tenho aprendido muito com você...percebi que o inesperado é o mais provavel de acontecer,que tudo que aconteceu na minha vida,de bom ou de ruim te trouxe pra mim,no momento certo,na hora certa,fazendo com que a cada dia que fosse em bora nossa aproximção fosse cada vez mais forte...Hoje eu posso te falar com toda a sinceridade do meu coração,que seu abraço é meu conforto,que suas mãos me tranquilizam quando vc me toca e faz carinho,que depois de muito tempo eu senti novamente sinceridade nas palavras e no olhar de alguém,mas não com tanta intensidade como sinto no seu,me sinto segura ao seu lado,como se ninguem pudesse fazer mal algum a mim,como se você fosse um anjo,me protegendo...não sei explicar com palavras o que sinto quando estou com você,mas sei que seu sorriso pra mim é a melhor coisa do mundo,e ganho meu dia quando te vejo...acho que o nome disso é felicidade! É,você me faz feliz,e espero que isso não mude...pq se depois do tanto que passamos pra chegar onde chegamos,sei que ngm além de Deus pode mudar isso

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mais uma de amor pra quem não ama

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Ele me espera no restaurante das árvores. Diz que até o garçom já sabe que eu sou como sou, de tanto que ele não tem outro assunto. Ele me espera, pede mais pãezinhos, ensaia um bom vinho para mim, limpa o suor da cara no guardanapo. E vai esperar por toda a noite. Mal sabe ele que acabo de responder a uma mensagem de texto dizendo que vou chegar em minutos. Ele me espera com a porta do banheiro aberta, enquanto esfrega seu centro num ato de pureza. Ele quer sacanagem comigo, mas daquele tipo de sacanagem pura com direito a perguntar baixinho "tá doendo"? Não muito longe dali ele se prepara para sair com os amigos, seus amigos tão deliciosos quanto ele. Passa o mesmo perfume que eu, mas na versão masculina. Seu charme está em ter transformado a sua dor em ironia. Adoro pessoas sofridas. Adoro o ódio medroso e óbvio das pessoas sofridas. Talvez amanhã a gente possa se odiar juntos, num ato de sinceridade livre e animal perante tantos amores pálidos pela cidade corretinha. A cidade corretinha que faz bodas disso e bodas daquilo, mas se entope da porra do Prozac, mas se entope da porra do canal de sexo com aquelas mulheres de sobrancelha desenhada. Mas se entope da porra da opinião dos outros sobre o que é ter chegado lá. Ninguém chega a porra de lugar nenhum. Mas eu chego, e estaciono meu carro lá dentro, como se fosse dona do pedaço. Ao menos por algumas horas eu serei dona de um pedaço que agora é esfregado no banho em mais um ato de pureza. A sacanagem óbvia é muito mais pura que o ódio envergonhado das bodas disso e das bodas daquilo. Ele pede a conta e vai embora. Jantou sozinho, o coitado. Se tenho pena? Nenhuma. Nenhuma. Cavoco meu ser até quase me virar do avesso para resgatar um pouco de bonitinho em minha alma, mas descubro que não tenho nenhuma pena dele. Não gosto de quem não amo e ponto final. Ele encontra os amigos deliciosos e vai ganhar a noite. Se perde muito para tal. Mas ganha alguma coisa sim, sempre se ganha alguma coisa. Talvez uma rinite alérgica ou um buraco no peito. Mas sempre se ganha alguma coisa na noite. Eu espero comportada do lado de fora enquanto ele termina de se esfregar. Sei da bucha porque sua pele chega quente e vermelha. Tenho vontade de colar minhas veias na dele para que meu sangue ganhe aquele mesmo movimento. Desde que ele me contou numa noite besta que queria salvar o mundo e isso não me soou mais um papinho furado sobre salvar o mundo, fiquei assim. Tenho vontade que meu sangue e o dele passeiem juntos. Nós vamos mais uma vez nos olhar querendo transar até amanhã, mas vamos apenas assistir à novela e tentar adivinhar as falas. Nós vamos mais uma vez querer atravessar as ruas de mãos dadas, mas vamos brincar de dar ombradas um no outro. Eu prefiro morrer sua amiga do que quebrar algum elo misterioso e te perder para sempre. Te perder como sempre. Ele escuta uma dessas músicas da modinha ao estilo Madeleine Peyroux antes de dormir e tenta entender qual é o meu problema. Será que eu não fui porque ainda sofro por aquele amor mal resolvido? Será que eu não fui porque tenho medo do amor? Será que eu não fui porque tenho medo de sofrer? Ahhh, os homens apaixonados. Ainda mais burros que as mulheres que acreditam na dor irônica. Eu não fui apenas por uma razão: eu não gosto de quem eu não amo e fim de papo. Tiro o carro da garagem dele e corro para encontrar o outro e seus amigos deliciosos. Ele tem braço de estivador e tem um buraco entre o começo da perna e o fim do tronco. Coisa de homem sarado. Só não digo que ele parece o Bob da Barbie porque esse era eunuco e vivia rindo. Se bem que ele vive rindo e ri tanto que não parece ter centro. Parece eunuco. Adoro sua virilha, sou obcecada por ela. Adoro seus amigos fortes. Adoro tudo o que dói nele, como diria aquela fala do filme "Closer" que eu adoro. Adoro que posso encontrá-lo sempre depois das três da manhã, sempre depois dos jantares que eu não vou e das transas que eu não faço. Adoro que posso morrer por ele ou nem lembrar que ele existe. Amor de pica é assim mesmo: o maior e o mais leviano de todos. Ele acabou de me descobrir pela Internet e dorme tentando me encontrar, tentando me encaixar. Sente uma pontada no peito e uma pontada lá embaixo. Deve ser engraçado ser homem e amar assim de maneiras tão opostas e complementares. Ele não sabe que tudo o que eu mais quero é casar e ser mãe de um casalzinho que dança pelado antes do banho. Mas esse meu querer está esquecido em algum canto de mim, está esquecido depois de tanto eu querer isso e a vida me dizer que eu ainda não podia. Ganhei a porra da dor irônica. Ainda que seja estupidez acreditar nela. Agora o que eu quero é saber que o outro se esfrega no banho, que o outro se fode no restaurante, que o outro me espera sempre depois das três e tem amigos deliciosos. Que o outro é especial demais, mas talvez ainda não seja o personagem principal daquela festa de final de novela, com todos os personagens de bem. Está acabando a história, mas ainda dá tempo de não amar mais um pouquinho. Mando uma mensagem para ele, que a essa altura dorme abraçado a uma menina que já encheu o saco, achando que encontrou a mulher da vida. Mando uma mensagem para ele, que a essa altura dorme demais como sempre e já deve ter me esquecido, mesmo lembrando de mim em todos os intervalos de coisa melhor pra pensar. Mando uma mensagem para ele, ainda que ele já tenha desistido do amor e prefira o cheiro de chiclete com chulé da nuca da sua filha. Durmo com mais de trinta homens, e mais uma vez sozinha. Mas esse texto, juro, é uma comemoração a isso. No fundo, no fundo, eu gosto. Ainda que eu me sacaneie com pureza e me pergunte baixinho: tá doendo?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Você é a unica coisa que importa pra mim

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Devo começar dizendo que te amo ? Ou que os dias que passei com você foram os mais felizes da minha vida ? Ou que, no curto espaço de tempo que nos conhecemos, passei a acreditar que fomos feitos um para o outro ? Poderia dizer todas essas coisas e tudo seria verdade, mas, enquanto releio estas palavras, a única coisa que passa pela minha cabeça é que queria estar com você agora, segurando sua mão e olhando seu sorriso elusivo . No futuro, sei que vou reviver o tempo que passamos juntos mil vezes . Vou ouvir seu riso, ver seu rosto e sentir seus braços em torno de mim . Vou sentir falta de tudo isso, mais do que você pode imaginar . Você é um cavalheiro raro, eu estimo isso em você . Todo o tempo em que estivemos juntos, você nunca me pressionou para dormir com você, e eu não posso dizer o quanto isso significou para mim . Tornou o que temos ainda mais especial, e é assim que eu quero me lembrar para sempre do período que passamos juntos . Como uma luz branca e pura, cuja contemplação é de tirar o fôlego . Penso em você todos os dias e sei que, quando for te ver amanhã, dizer adeus será a coisa mais difícil que já fiz . Parte de mim teme que chegue um momento no qual você não sinta mais o mesmo sentimento, que por algum motivo você esqueça o que nós compartilhamos, então é isso que eu quero faze r. Onde quer que você esteja e não importa o que esteja acontecendo em sua vida, na primeira noite de lua cheia – como na noite em que nos conhecemos – quero que você a encontre no céu noturno . Quero que você pense em mim e na semana que partilhamos, porque, seja onde for, seja o que estiver acontecendo na minha vida, é exatamente isso o que vou fazer . Se não podemos estar juntos, pelo menos podemos compartilhar isso, e talvez entre nós, sejamos capazes de fazer isso durar para sempre . Eu te amo, e eu vou agarrar-me à promessa que uma vez você fez para mim . Se você voltar, vou casar com você . Se você quebrar a sua promessa, vai partir meu coração .

Gosto de tudo que vem de você

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Gosto quando você me chama de ' gorda', gosto quando você me elogia mesmo eu estando descabelada, gosto quando eu sinto o calor de sua pele nas minhas mãos frias, gosto quando você me liga e fica falando coisas pra me provocar, gosto quando você diz que me ama, gosto quando você me manda mensagens, gosto quando você ri de coisas banais que eu sempre falo, gosto quando você me faz sorrir e me sentir bem a pessoa mais feliz do mundo, gosto quando você diz que gosta de mim, gosto quando você demonstra seus sentimentos, gosto quando você me beija, gosto quando você me faz surpresas, gosto quando você fica me provocando e depois fala ' só queria saber a sua reação ! ', gosto quando você me fala coisas e me deixa com raiva, gosto quando você me faz sentir ciúmes de você . Gosto quando você simplesmente me faz gostar de você, gosto quando você me faz acreditar que o amor existe, gosto quando você me diz as coisas sabendo que irei ficar com vergonha, gosto de gostar de você . Porque isso sim, com certeza, me faz muito bem . E você nem imagina o quanto . Eu te amo,independente de quaisquer que seja as circunstâncias . Você sempre, o meu homem . Eternamente .

Lição do dia : Aprender a amar

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Nunca tenho o que desejo e quando tenho eu não quero. E eu não sei amar, por isso que desejo tanto o amor, mas não é qualquer amor, não esses amores comuns, pequenos demais para ocupar esse vazio, pequenos demais para aguentar o peso da minha angústia, pequenos demais para suportar as minhas crises, meus ciúmes, e carregar minhas mágoas.Todos são pequenos demais e perdem para a grande solidão que me persegue. E você também é pequeno, se torna minúsculo diante de mim, com minha alma cansada, minhas mãos ásperas por falta de carinho,por não ter , não querer e nem saber dar carinho. Que tenho até medo de te machucar o tanto que quero te tocar. Você nem sequer imagina, que logo eu, sorrindo á toa por aí, acordo todos os dias desejando algo que não se compra e não se encontra na esquina. Porque eu sou assim, aquela que tem medo, que se esconde,e se isola, só para se proteger da dor que viver causa. Sou aquela que dorme todas as noites pensando em você, que escreve seu nome com letras maiúsculas como se fosse a única maneira capaz de me preencher. Acho que isso é amor,não tem outro jeito só pode ser amor. Agora me diz o que eu faço se você tirou minha razão de viver, a minha busca era encontrar esse tal de amor. E você fez o favor de colocar seu coração nas minhas mãos, me entregou todo seu amor mas esqueceu de ensinar a usar. Como uma criança travessa que ganha um brinquedo novo e brinca com medo de quebrar.O amor eu já tenho, só preciso do manual de instruções e você meu eterno professor ensinando a te amar e ser feliz ao seu lado.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Trepai-vos

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Cresci com a minha mãe dizendo que mulher que só pensa em sexo não é coisa boa. Tantos livros para ler, tantas contas para pagar, tanta tristeza e violência no mundo, tanta coisa séria para pensar…Sinto muito, mamãe. Mas acho que vou te decepcionar. Sabe, fiz uma recapitulação da minha vida e descobri que, apesar de tudo, não passei um segundo da minha existência pensando em outra coisa. Eu nunca comecei cursos ou empregos novos verdadeiramente motivada pelos desafios de uma carreira ou de salários melhores. O que sempre me impulsionou era a pergunta: aqui tem um bom número de homens para quem eu daria? Não? Então não quero. Não que eu fosse dar para todos. No final das contas, apesar de eu adorar a minha personagem que vende o oposto, acabo não dando pra ninguém ou quase ninguém. Mas não há nada melhor do que estar em um ambiente onde isso poderia acontecer. E que atire a primeira pedra o ser humano que não pensa assim. Juro que não é promiscuidade, é apenas a natureza. Sexo é a melhor coisa da vida e ponto final. Quando acabam as chances dele acontecer, partimos para outros ares. Os homens compram carros maiores, as mulheres peitos maiores. Eu simplesmente mudo de emprego ou turminha de amigos. Mas a verdade é que estamos todos pensando em sexo. Até um filme interessante é ainda mais interessante quando alguém quer transar com você porque você achou o filme interessante. Existe fazer a mala feliz se você não tiver ao menos uma esperançazinha de fazer sexo no lugar para onde está indo? Existe acordar cedo para uma reunião, pegar o maior trânsito do mundo, se arrumar minimamente bem, se você não está interessada em fazer um “meting” com alguém desse “meeting”? Sejamos sinceros. Claro, não sou homem e na maioria das vezes, apesar de eu me odiar infinitamente por isso, me apaixono. E sempre imagino o desejado da vez me esperando de gravata borboleta no altar. Sou bobinha. Mas que apesar de tudo isso, eu gosto de dar, e só penso nisso. Ah, isso é verdade. Não consigo ser séria. Certa vez um grupo de amigos me perguntou se eu gostaria de ajudá-los fazendo propaganda sem fins lucrativos para algumas ONGS. Num primeiro momento pensei: trabalhar de graça nem a pau. Depois fui na primeira reunião e constatei: bom, dos sete caras que estão no projeto, eu daria para quatro! Topei na hora e nunca fui tão engajada. Teve uma outra vez também que duas agências de propaganda estavam disputando a minha contratação. Escolhi a que ia me pagar infinitamente menos mas tinha o chefe mais gostoso. Claro! Dinheiro é bom, mas sem sexo não vale de nada. E sorte de quem tem uma boa vida sexual associada a um amor verdadeiro. Essa soma sim é a verdadeira busca da vida. Que caminho de Santiago que nada. Que meditar em cima de uma montanha que nada. Já viu alguém que está super feliz no amor e trepando alucinadamente sumir para encontrar seu verdadeiro eu? Isso é coisa de quem ta na seca ou acabou de levar um pé na bunda. Entre um belo corpo nu e um tronco, só um babaca vai preferir trocar energias com a árvore. O último retiro espiritual que me meti só não morri porque pegava o canal Playboy na televisão do quarto. Mas sabe, mãe. Eu não acho que meu prazer seja tão egoísta quanto você pensa. Eu lembro que uma vez estava caminhando na praia e vi uma bolinha de frescobol atingir uma gordinha mal humorada. Ela esbravejou. Ameaçou bater no moleque. Tocou o terror. E o pai do garotinho, que estava jogando frescobol com ele, apenas gritou: “a senhora não goza não?” Adorei aquilo. Acho que a violência nada mais é que o desejo sexual reprimido. Nada me tira da cabeça que se todos transassem loucamente o mundo seria infinitamente menos louco.

É o meu jeito

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Você já devia saber que uma garota que já deu uma bolsada na cara de alguém não está pra brincadeira. Já deveria conhecer meu tom seco e sarcástico e minha insuportável mania de falar a verdade sem me importar com o que os outros vão pensar. Sem me importar se vão continuar gostando de mim mesmo assim. E mesmo assim você me quis. Mesmo conhecendo meus defeitos mais ácidos e meu (mau) humor oscilante. Mesmo assim você pagou o preço e apostou todas as suas fichas pra ver no que ia dar. Corajoso você.Nunca precisei fingir que sou uma pessoa boa. Nunca precisei fingir que eu não to nem aí quando eu to mais aí do que aqui. Não faz meu tipo. Me esforço às vezes pra ser romântica, pra acreditar nos planos. Pra acreditar nas pessoas. Nunca chorei pra convencer. Talvez porque não faço questão de convencer. Ou, como você mesmo diz, sou direta. Fria. Seca. É. Nada disso é novidade pra ninguém. É só o meu jeito. Mas o que você não sabe é que eu nunca precisei assistir novela pra construir frases bregas. Nunca li e-mails de auto-ajuda em Power Points coloridos - que piscam, cantam e mostram imagens de santos - e ainda assim sou brega. Nunca precisei ser melosa pra ser romântica. Nunca precisei fazer esforço pra dizer que amo. Só consigo chorar se estiver triste. Não sei fazer cena. Meu personagem é o mais puro retrato de mim. Sem máscaras.Deve ser por isso que sou tão chata. Intolerante. Exigente. Dou 100% de mim e exijo o mesmo em troca. É alto o preço. Mas você - todo orgulhoso - ligou, insistiu, chegou e disse que queria pagar pra ver. E eu – confiante – disse sim, aceito. Aceitei que você ia aceitar minha chatice. Minhas “nóias” (como você diz). Aceitei trocar a boa vida de solteira pelo seu colo macio. Larguei a balada e me prendi a você. Soltei o mundo pra segurar a sua mão. Não é qualquer um que agüenta, eu bem sei. Mas você arrumou um jeito de me dobrar. Fez um origami de mim e agora eu estou na sua mão. Por você, abri uma exceção. Virei minha vida do avesso. Abri minha casa. Meu coração. Por você eu apaguei os nomes do meu celular. Esqueci os abdomens sarados. Apaguei meu passado. Por você, parei de escrever, avacalhei a rima e esqueci os versos. Por você, abandonei os outros alvos. Acertei na escolha. Larguei as festas, os riscos. Larguei a vodca com energético. Misturei amor com você. Não é nada fácil. Mas você é bom nisso. Você me amolece com suas palavras. Me suporta com esse seu jeito doce-azedinho. Você é uma pessoa boa e acha que o mundo é bom. Aprendeu a ver o mundo com seus olhos (me ensina?). E eu sou pura. Pura azedura. Puro teste de paciência com você. Testo seus nervos, sua pele, seu suor. Testo suas noites de sono. Seus sonhos. Misturo os meus com os seus. Me perco em você todo. Agora só falta a gente achar um caminho. Me ensina a falar a sua língua. Me ensina a ver o mundo bom que você quer me mostrar lá fora. A ver o que eu não vejo. Me leva pra você. Some comigo no mundo. Me coloca pra dormir e só deixa eu acordar se for do seu lado. Não me deixa sozinha nunca mais.

sábado, 20 de novembro de 2010

O que sobrou de você pra mim

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Tem dias que você para e olha pra si mesmo e a sensação que você tem é de estar perdido na insanidade que você enxerga, mas não controla.

Quando eu te conheci você fazia parte das horas mais preciosas do meu dia, eu largava quem quer que fosse, eu esquecia de compromissos, eu perdia a fome na hora de jantar, eu tomava um banho rápido, eu me vestia com pressa, desligava meu telefone, ignorava a campainha, ficava offline no messenger, eu saía de toda área de alcance porque a única coisa que me importava quando eu conheci você era que você pudesse, então, me alcançar.

O mundo dá tantas voltas engraçadas e, em muitas dessas voltas, a gente não dá risada de quase nada. Eu fico encontrando defeitos no seu passado como meio de estragar nosso futuro, mas eu juro que o ímpeto vem de dentro de mim, mas não é meu. Parece que existe alguma coisa mais forte do que o meu discernimento que me faz procurar escatologias onde não se vê nada de errado, só pra eu acreditar que ainda sei viver sem você em caso eu precise.
Porque por mais que aquele remoto passado parecesse um incrível segredo nosso, todo mundo sabia que eu estava apaixonada. Porque na verdade, a paixão não é uma coisa quieta, ela não consegue falar baixo, gostar devagar, querer de pouquinho em pouquinho. E a minha paixão não era nada diferente das outras paixões, aquelas que você já teve e eu também já conheci mesmo que sem vasculhar muito. A minha paixão por você era cega, surda e louca porque era a primeira – pelo menos daquele jeito maluco - e me arrastava tanto que me arrastou pro outro lado do mundo que eu conhecia e me levou pra um mundo onde a única referencia de tudo que pudesse pedir uma referência era você.

E quando você reclama que nada do que você faz está bom pra mim, não é porque você não seja bom e nós dois sabemos disso. O problema de ser bom é que depois de um tempo precisamos ser ótimos, e depois de ser ótimos viramos incrivelmente inexplicáveis e daí, melhorando sempre mais, uma hora a gente acaba mesmo virando o mundo todo de alguém. Tudo mesmo, absolutamente sem frestas e nem espaço pra mais nada. Quando alguém é tudo o que um outro alguém enxerga, esse outro alguém, então, está a um passo de ficar cego. Ser tudo sufoca, porque ser tudo impede desejos individuais, impede criatividade, impede felicidade por besteirinhas do dia a dia porque não são em todas as horas do dia que o você está lá, junto com a pessoa que te tem como tudo.

No final das contas, quando se tem um tudo, acaba-se ficando meio que sem nada.

Naquela época que o nosso sonho virou realidade, eu, na minha paixão quase que histérica, corri pra você ignorando tudo o que estava mesmo em volta da gente, aceleradíssima na vontade de viver rápido como se eu não pudesse perder nenhum segundo daquilo, era medo de acordar, sabe? E aí eu ignorei o fato de eu ter um passado e de você ter um passado porque eu tinha sede demais do nosso presente que demorou tanto pra acontecer.

Eu esqueci que sonhos não duram pra sempre porque quando um se realiza, a gente já deu conta de sonhar mais três depois do último. Eu esqueci que a gente ia fazer planos e que eu ia ter ciúme até mesmo da idéia de você já ter tido nem que seja um projeto de plano com mais alguém. Planejou de ir até a lanchonete do tio Zézin num sábado em que os seus amigos te deram bolo e não tinha nada de mais interessante pra fazer? Ta aí, não importa, já me deixa louca de ciúme. Só a idéia. Eu odeio as terceiras pessoas e odeio ainda mais quando essas terceiras pessoas existem só na cabeça de quem vê porque, caso elas fossem reais, eu teria desculpa pra fazer o que eu faço, pra ser irracional, pra não ter limites e nem compaixão. Dá vontade de bater em todo mundo, de sair na rua gritando, de chorar minhas dores em voz alta pra fazer eco e pra ver se no vexame eu enxergo o quanto estou ridícula de não acreditar que o seu amor é genuíno e que o passado que eu tanto teimo em trazer à tona já nem passa perto de perturbar você.
Eu fiz tanta besteira na minha vida, e o meu medo de te desapontar é tão grande que eu preciso procurar besteiras na sua vida, pra me desapontar com você e estar mais preparada caso você decida seguir por aí, sem mim.

Eu te amo, sabe? Daquele meu jeito que você reclama, mas eu sei que, no fundo, gosta. Só que o meu amor não é só ternura, muito embora eu tente tão forte. Eu sou uma pessoa difícil, daquelas que sente muita raiva e que não leva a vida assim, tão leve. Porque mesmo que rasgadas, aquelas fotos ainda estão se remontando o tempo todo em algum outro lugar que eu não vejo, mas que meu coração sente. E tem aqueles cheiros que a gente sabe de olhos fechados e me mata a idéia de eu não ter feito parte das suas recordações que te dão aquela nostalgia boa e vem misturada com a vontade de poder voltar no tempo e comer doce deitado no sofá da casa da sua avó.
O que acontece quando a gente ama mais alguém além da gente mesmo, é que por mais seguro se tenha sido na vida, aparece aquela sensação de ter perdido tanta coisa, tanto detalhe e, no fundo, dá um puta medo de não conseguir superar, entender, acompanhar.

Quando eu te conheci você fazia parte das horas mais preciosas do meu dia e eu largava qualquer coisa só pra poder falar com você. Hoje, você ainda faz parte das horas mais preciosas do meu dia, muito embora eu tenha plena consciência que eu desperdiço a maior parte delas desacreditando da beleza, da maravilha e do milagre que é, mesmo depois de tantas tempestades fortíssimas, a verdade absoluta do nosso amor.

Se ela te fala assim,com tantos rodeios

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É pra te seduzir e te ver buscando o sentido daquilo que você ouviria displicentemente . Se ela te fosse direta, você a rejeitaria .

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Misture alma e coração

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É muito comum casais caírem na rotina após a sensação plena de segurança, de conquista definitiva. O que muita gente esquece é que amor também precisa de alimento.E alimentar uma história, assim como estudar, trabalhar e evoluir profissionalmente, requer exercício diário e investimentos que não podem se afogar na tão proclamada “falta de tempo”. Falta de tempo, no fundo, é falta de organização, e quando o tempo é escasso as pessoas resolvem o que elas acham que é mais importante, então por que depois de buscar tanto um amor e encontrá-lo, ele deixa de ser prioridade?

Existem várias maneiras de demonstrar afeto em meio a um dia turbulento.Você leva menos de um minuto pra digitar um sms e não vai perder tanto tempo respondendo a um e-mail afetuoso no final do seu expediente. Presentes fora de datas comemorativas, uma besteirinha qualquer, um bilhete na cabeceira da cama...coisas que todos gostam de receber mas se esquecem de dar. E pra quem gosta de dar e acha importante receber, é muito injusta a acusação da falta de compreensão por parte do outro! Responsabilidades demais, todos temos, a forma como cada um administra sua vida é que faz a diferença na qualidade do seu namoro.Não é preciso esperar a relação entrar em crise pra querer reagir e se manifestar. Assim como numa empresa, o ideal seria prever e se prevenir. Muita coisa se desarmoniza desnecessariamente, até porque uma pessoa bem-sucedida profissionalmente, se ainda tiver um amor como abrigo no final de cada dia cansativo, vai enfrentar seus desafios no dia seguinte com muito mais vigor e alegria.Se o amor tantas vezes é casa e aconchego, porque deixar que seu lar se desarrume a ponto de você e o outro não sentirem mais prazer em morar lá?

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Eu amo construir a mesma estrada com você

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Eu fico pensando se não somos tão carentes ao ponto de não viver melhor sem alguém. E há tanto medo de não ser escolhido, e de ser escolhido e ser trocado, ou ainda de não ser escolhido totalmente, ou de escolher e viver achando que essa escolha é uma prisão. Mas eu lembro de nós dois, enquanto penso nisso tudo, do nosso pacto pelo total aproveitamento diário, essa liberdade quase imposta de saber-se poder ir embora quando não for mais tão essencial. Eu lembro que se estamos juntos é porque, todos os dias, ao acordar e nos olharmos tão frágeis, tão fortes, tão vulneráveis, tão entregues, nós fazemos novamente a escolha de ontem, e cumprimos o resto do dia alimentando esse “estarmos juntos” com intensidade e delicadeza. Eu fico pensando nos nossos ajustes e na vontade que temos de sabedoria em meio a toda essa embriaguez da paixão. E acho que se esse ainda não é o caminho certo, pelo menos, é o mais bonito por enquanto.E o que me deixa mais inteira, a cada passo. E fico pensando enquanto avanço: eu amo construir a mesma estrada com você...

Eu amo morar no teu abraço.

O que o amor tirou de mim

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O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios. Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para qualquer coisa, a qualquer hora. Ele apazigua o meu peito com uma lista breve de prós e contras. Mas me dá escolhas. Eu me percebo transformada pelo que o amor tirou de mim por precisar de espaço amplo e bem cuidado para se instalar. O amor tira de mim a armadura, pois não consigo controlar a vulnerabilidade que vem com ele; tira também a intransigência. O amor me ensina a negociar os prazos, a superar etapas, a confiar nos fatos. O amor tira de mim a vontade de desistir com facilidade, de ir embora antes de sentir vontade, de abandonar sem saber por quê. E é por isso que o amor me assombra tanto quanto delicia. Porque não posso virar as costas pra uma mania quando ela vem de uma pessoa inteira. Porque eu não posso fingir que quero estar sozinha quando o meu ser transborda companhia. O amor me tira coisas que eu não gosto, coisas que eu talvez gostasse, mas me dá em dobro o que nunca tive: um namoramento por ele mesmo. O amor me tira aquilo que não serve mais e que me compunha antes. O amor tirou de mim tudo que era falta.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Efervescências

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Acordar ao seu lado, esse eterno amanhecer por dentro, um sol interno tão aceso, essa alegria gratuita. E existe algo em nós que é tão recíproco cúmplice e intenso. Dos nossos olhares que dizem tanto sobre tudo silenciosamente. Um movimento de corpo que é tão ao encontro o tempo todo. Da compreensão e paciência a que nos dedicamos diariamente. E o amor que permeia tanta poesia, e a poesia que se entrega inteira pras palavras que querem dizer do abraço. Seu corpo tão moldado ao meu, natureza líquida de água e jarro. Você me conduzindo à fonte de todas as coisas, lá onde o desejo se origina. E nada míngua com o passar do tempo e mesmo acreditando não ter mais espaço, cresce, flui, se imensa clareando o que era escuro e frio.Cada vez mais e mais eu preciso dizer do amor. Dessa ternura delicada. Cada vez mais o amor sendo a melhor experiência. Cada vez mais eu percebendo que se nada no mundo é definitivo, nossa história eu sei perene. Uma primavera inaugurada a cada dia. E mesmo que nada possa ser eterno, mesmo que o “pra sempre” não exista, eu sei que vou seguir te amando, pelo menos, pelos próximos 99 invernos.

(E se ainda eu não consigo explicar você pra mim, eu simplesmente aceito e agradeço.)

Hoje eu acordei muito emocionada

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Não sabia exatamente o por que, mas eu queria chorar e agradecer tanta coisa. E fiquei olhando pra dentro, relembrando as coisas que desejei no passado e vi que minha emoção vinha de tantos sonhos realizados. Porque eu tenho os melhores amigos do mundo, a família que eu merecia ter, o namorado mais perfeito e toda a disposição e capacidade pra tornar pleno o que ainda é lacuna em minha vida. E, finalmente, eu tenho um compromisso tão real com a felicidade, e que tudo o mais que me conduza a esta realização é uma consequência dessa minha escolha. Eu sei que a vida não é fácil: se a gente quer um amor e o encontra, a gente depois tem que negociar com a convivência. Se a gente tem muitos amigos, as idiossincrasias. Se o emprego dá grana, às vezes o chefe nos desanima....enfim, nem todo poeta vive de poesia., embora muita gente se alimente dela. Eu hoje acordei tão emocionada porque sei que cada vírgula da nossa rotina tem sentido. E que ter uma rotina é tão saudável. E que ter amigos nos impulsiona, e que viver um grande amor nos embeleza. E que fazer " a nossa parte" melhora o mundo. E que ter bons pensamentos enriquece o Universo. Eu hoje acordei tão emocionada porque tive a plena consciência de que eu posso escolher outra coisa sempre, e que no aprendizado não existe escolha errada. Eu hoje acordei com a alma em festa, porque sou feliz como alguém que fez "as escolhas certas".

Quem é ela?

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As pessoas falam de vida, de problemas, de amores com a propriedade que só cabe àqueles que são os únicos que sabem de alguma coisa. Desde que eu tenho pouco mais de treze anos, entra ano e sai ano e eu visto a carapuça dessa pessoa que conta com tantos detalhes as batalhas tão duras da sua própria vida que faz, até, com que as outras pessoas acreditem nela. O sofredor, na realidade, é um mentiroso que precisa desesperadamente de atenção. Resolvi ser publicitária porque achei que seria bacana também mentir por profissão então, e passei os quatro anos de faculdade mentindo que a parte da profissão que mais me incomodava era mentir para os outros.

É isso, sendo bem direta, que quero contar pra você. O meu amor por você é a coisa mais verdadeira que já aconteceu na minha vida e por isso mesmo eu passo dia após dia me policiando pra não cair em contradição com aquela mulher por quem você se apaixonou, já que ela era uma mentirosa, mas você não faz a menor idéia. Ou faz? Já não sei muito bem em que degrau dessa escadaria pra verdade você está e isso me deixa mais acordada ainda, olhando ao meu redor o tempo todo, esperando o momento em que você vai olhar pra minha cara e me contar que não me conhece.

Foram anos, muitos anos, moldando a minha personalidade pra ser exatamente do jeito que eu achava que uma mulher incrível devia ser. E se por todo esse tempo eu não deixei ninguém se aproximar demais de mim, é porque eu sempre soube que a pessoa que deitava na minha cama à noite era completamente diferente daquela outra que acordava de manhã. Eu não estava pronta, eu não era pronta, a minha prontidão, a minha articulação e o meu desprendimento de tudo e todos não passavam do meu escudo pra não voltar a ser a menina magrela, de óculos e cabelo armado da quinta série, aquela que todo mundo queria ser amigo porque ela era engraçada e inteligente, mas ninguém podia porque, aos 11 anos, ela ainda não tinha nem seios e nem malícia.

Foi por querer vingar a minha adolescente que sofreu tanto bulling que eu criei a personagem que me levou de lá pra cá, a tantos lugares, por vários anos. Só que essa mulher, a vingativa, passou por lugares que eu não quero que você saiba, porque você é o meu respiro de ser aquilo que eu não sou, só para ser alguém. Você – desde o primeiro dia – olhou pra mim e enxergou quem eu era.

E quando eu rio e falo que você não sabe da missa a metade, que você acha que sabe de tudo, mas que perderia as contas se tentasse contar meus erros, que a minha malícia e maldade vieram em doses de pinguço quando resolveram aparecer depois de tanto tempo sendo apontadas como inexistentes por aquelas crianças malvadas, aquelas meninas peitudas que hoje são todas jovens mulheres de 25 anos com os peitos caídos, eu não sei exatamente se quero que você acredite no que eu estou falando ou se quero que você continue me abraçando segurando o riso pra depois beijar minha testa e falar “Ai, amor, como você é mentirosinha.”. A minha vontade às vezes é falar que sim, que sou mesmo, que eu não tive outra escolha porque esse mundo não entrega escolhas de bandeja para as pessoas que acreditam que ser só bom serve. Mas o seu “mentirosinha” – no diminutivo como você fala todas as palavras quando quer conferir a elas caráter feminino ou de carinho – não carrega nele o fardo que eu quero compartilhar com você.

Tem dias que eu sonho com coisas que você não sabe, com coisas que nem eu sei se realmente foram ou se eu criei. Aí eu acordo e quero ouvir o “mentirosinha” pra eu ainda acreditar que, agora, eu posso de novo ser a menina que, ao invés de ter ficado grávida na sexta série, escrevia diários com histórias que não eram dela, na esperança que algum dia eles fossem publicados e chamados de “romances”.

Ontem, vendo o caso de uma mulher que viveu a vida toda carregando um tumor no rosto, eu ouvi ela dizer que hoje em dia ela já não se importava mais, que ela conseguia ser feliz sendo exatamente quem ela era. Não, a minha adolescente pouco entendida não é o meu tumor, ela é minha cura. O tumor são as pessoas mesquinhas que passam pela vida da gente, que com aquela mania eterna de projetar nos outros todos os medos que eles têm para si próprios acabam mudando a nossa vida (mesmo que por um determinado período de tempo, nada é eterno, afinal.) pra pior.

Mas eu agradeço. Sem eles eu não seria sarcástica, eu não saberia ler tão bem as pessoas e, com certeza, hoje em dia eu continuaria sendo machucada diariamente, como uma tonta, sem saber me defender. Minhas mentiras foram meu escudo, minha defesa, minha casa no meio da bagunça e sim, eu fiquei meio bagunçada com elas e não são os meus 24 anos, mas sim essa angústia de descobrir de novo quem sou eu de verdade que anda deixando minha vida tão maluca.

As pessoas falam de vida, de problemas, de amores com a propriedade que só cabe àqueles que são os únicos que sabem de alguma coisa. Mas problemas todo mundo têm, todo mundo sempre vai ter. Hoje eu aprendi que ser quem eu sou – seja lá quem for – não é um problema e, muito menos uma solução pra nada na minha vida. E, além de tudo isso, eu entendi, olhando pra dentro, pra fora, pros lados e pra você que eu posso ser quem eu quiser porque quando você é uma pessoa que pensa, que ama e que odeia, mudar é preciso, é permitido e, no balanço final da vida, a mudança não caracteriza nenhuma pessoa como mentirosa.

Não sou, nunca fui e não quero ser santa. Me recuso, entretanto, a fazer parte do mal, independente do que mal seja. Vou continuar falando palavrão, me apaixonado e enchendo a casa de corações de papel, maltratando minha mãe às vezes e depois me sentindo escrota e injusta, ainda vou fazer muitos amigos errados, vou viajar quilômetros por amor aos meus irmãos, aos meus amores. Vou ser assim porque, na verdade, eu já sou tudo isso. Tá tudo errado e tá tudo certo. Tá tudo mudando e tá tudo bem. No final da vida, como eu já disse outras vezes, quero ter um colar de pérolas minhas pra mostrar pros meus netos e, olha só, às vezes eu quero tê-los (os netos), outras não. Daqui há pouco tudo muda, mas eu ainda vou querer estar com você porque, é fato, você me mudou.

Vem cá amor, me chama de “mentirosinha”.

Cachorro

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Tanto esforço pra andar ereta. Os remédios que refilam minhas gorduras, deixando esse quadradinho que encaixa em todo lugar. Minha bolha pronta pra sair rolando de tudo, agora mutilada. Tanto esforço pra caber nos lugares, um canto no mundo, uma missão na terra, um pedaço de sofá de festa de amigo, uma rebarba de coração alheio, um resto de cama. Tanto esforço para ter dos outros uma água no chão, uma casinha na varanda. Tanto esforço para ser o melhor amigo do homem. Para não ser animal e apenas um humano sociável, ou seja: cachorro dos outros. Permanecer, o mais insustentável dos verbos; e eu dopada, achando que consigo. Até que, mesmo embaixo da nova química, da avalanche de gente me ensinando a viver, do calhamaço de papel me implorando que eu volte a pagar a fazer e a querer ter algo. Até que ouve-se um latido que começa baixinho. Ainda morde com dentes sem ponta. Arranha com unhas dobráveis. Mas daqui a pouco a natureza vence toda essa merda. E eu vou voltar a correr interesseira pelas ruas atrás de carne e postes e gatos e pernas pra trepar. Com laço e tosa pra disfarçar a feiúra de não suportar isso que todo mundo chama de "saber levar o dia". Ao menos voltou a latejar o bicho, a única coisa que me cura de ter tanto medo de não ser um humano exemplar. Aos poucos ele me mostra como é fácil só respirar e ter fome e dormir e extravasar e ter raiva e abaixar o rabo quando vale a pena. Só isso. A simplicidade de existir, sem precisar super existir. E ter faro ao invés de desejo. E ter necessidade ao invés de angústia. E uivar ao invés de colocar o remédio embaixo da língua pra dor passar antes do meu cérebro virar um ovo frito. E poder andar de quatro sem a humilhação de não parecer acima das pessoas que me parecem tão inferiores. E não precisar arrumar desculpa para, de repente, cagar em tudo ou dar um tempo longe dali. O cachorro esfaqueado, derretido, empalhado, a massinha de cachorro dentro de uma caixa. A caixa que vai na reunião e sorri. A caixa que paga tantas contas. A caixa que mora e frequenta e tem e compartilha e sustenta e fica. Verbos transformados em substantivos por causa da evolução dos atos. A essência transformada em dureza pra durar mais e eu só querendo, sempre, ir embora logo. Ar, er, ir. Ser no infinitivo, com a brevidade de uma raiz, com a profundidade de um instante. Tirar a coleira que tanta dor me dá no pescoço. E correr num parque atrás de algum brinquedo ou cu alheio. E me roçar nos mijos das paredes dos prédios dos bairros. Qualquer coisa menos precisar tanto parecer uma mulher bem sucedida, trinta e poucos, apartamento próprio, família equilibrada, corpo em ordem, um amor para dormir embaixo das estrelas, uma vagina depilada e feliz, o cabelo das famosas, o cheiro da moda, a última notícia, o plano dos filhos para logo mais, os rendimentos milimetricamente estudados, os jantares com os casais que riem tanto mas preferem nunca tocar nessa coisa que aterroriza todo mundo, os almoços com quem pode me ajudar na roda social, os ciúmes bem escondidos, as dúvidas bem superadas, a desgraça bem disfarçada, o ódio transformado em "deixa pra lá, afinal, triste é ser só". E sorrir, e salto alto, e jogo de cintura e acordar meia hora antes pra maquiar meu cinza. Mas ele desperta preguiçoso, arrasta uma remela com a pata suja, lambe o próprio pau como os animais de estimação que odeiam a domesticação mas adoram a mordomia. E olha pra mim, sério e sábio e puro e apenas bicho. E eu escuto: seu erro é usar a única força que te mantém viva pra fazer teatrinho de gente.

domingo, 14 de novembro de 2010

So peço um pouquinho

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Não peço mais do que um ombro largo para apoiar a cabeça e braços que me apertem como um imenso laço e terminem enroscados na ponta dos meus dedos . E passar horas e horas assim : só no nosso cantinho pra tirar um pouco a cabeça do mundo . No ritmo do mundo, do semáforo aberto que faz pulsarem os carros, do escritório, do documento atrasado, da hora marcada, eu adoro perder a hora com a cabeça enconstada no seu peito . E seguindo apenas o ritmo do seu coração pulsando . E e me perco e me embalo e fecho os meus olhos e escuto o ' tum tum, tum tum '. Forte . É a única força que acaba com o peso do dia, e de uma quarta-feira enjoativa e apressada . Por um instante, é eu e você, tudo borrado pros lados, pro meio, pra cima e pra baixo, tudo vazio e sem sentido . O que importa é saber que seu coração tá forte por mim, que ele bate ritmado e grande para que continuemos apertados um contra o outro . Nós contra o mundo . E de olhos fechados, sinto o calor do seu peito me deixando leve, seu braço que escorre seguro ao longo do meu inteirinho, até o finzinho, seus dedos que acariciam as costas da minha mão como se fosse a tarefa mais importante e bonita que poderia existir . Me entrego ao seu ombro largo feito pra uma cabeça lotada dos problemas dos últimos dias, que saem voando sem dar satisfações quando sentem sua grandeza de homem . Assim, com a cabeça inclinada, sinto um suavíssimo e delicado beijo dado com carinho e total atenção na minha testa, um beijo demorado e uma mão grande e desastrada de homem que assume sua forma mais sutil ao tentar recolocar uma mecha de cabelo fugitiva atrás da minha orelha . Nós somos fortes e grandes assim, e temos o melhor dos sentimentos ao nosso favor . Escuto sua respiração calma e tenho certeza absoluta que te tenho todo pra mim naquele instante . E espio por um olho, vejo seu rosto tão sereno desejando apenas continuar ali por mais um tempo, ao mesmo tempo em que meu corpo e minha alma querem te devorar e tirar um pedaço e guardar dentro de mim . Quero um pedaço disso que eu não sei o que é, mas que parece tão bonito quando você me dá . A melhor parte do meu dia, ninguém pode roubar . Eu passo meus dedos entre os seus cabelos de anjo e beijo a sua buchecha, e quero te roubar só mais um pouquinho pra mim . Passo meus dedos finos fazendo o contorno por entre os seus, e quero que o amor nunca acabe . Somo nós, ali, contra o mundo . Mas agora deixa só eu encostar mais um pouquinho no fortinho do seu peito .

O homem mais bonito do mundo

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Uma vez eu conheci o homem mais bonito do mundo. Eu estava sentada no chão de uma festa com pocinhas. Toda festa de jornalista forma pocinhas, pode reparar. E ele veio falar comigo "vai molhar a calça". Ah, mas vou mesmo. Se tratava do homem mais bonito do mundo, eu não tinha nenhuma dúvida. Quem poderia ser mais bonito do que ele? Javier Bardem? Não. Basta vê-lo no filme da cólera pra saber o potencial que ele tem pra feiúra. O Brad Pitt? Eu prefiro os morenos. O Jesus Luz? Acho fraco, ele tem aquele lapso de vergonha suburbana no branco dos olhos. Não gosto de homem que se sente devendo algo ao cosmos. Homem que faz pose de topo de cadeia alimentar mas sofre as dores de uma coluna ainda arredondada pelo começo da evolução. Enfim, tratava-se do homem mais bonito do mundo. E ele veio falar comigo. E eu estava sentada no chão. E ali mesmo trocamos uns beijos e telefones e confissões e eu lembro que, apesar de estar com muito sono e cansaço e desesperança com a vida, fiquei tentando descobrir o que um homem daquele nível supremo de beleza (um metro e noventa, olhos azuis, cabelos castanhos cacheados, ombros que iam até o Chile) tinha visto numa garota bem mediana que estava sentada no chão em um dos dias de menor brilho de sua carreira social. Apliquei o teste do cotovelo durante o beijo (a leve roçadinha sem querer pra saber se o membro promete ou não promete). Apliquei o teste da sapiência média (você comenta que quando você olha pro abismo, o abismo olha pra você, e espera pra ver se ele tem alguma cultura de filosofia de almanaque). Apliquei o teste da bobeira erudita, uma merda qualquer que você lança no ar tipo "ai que vontade de chafurdar por essas lamas universais" e se o cara for minimamente interessante ele compra a besteira e devolve uma outra melhor ainda. Se ele for um tapado ele ri e fala algo idiota tipo "quero o mesmo que você está tomando" e daí você sabe que está, novamente, sozinho no mundo. Como sempre. E ele, do alto de sua absurda e dolorosa beleza, foi tirando nota sete e meio em todos os quesitos. Devolveu uma besteira à altura, conhecia frases pessimistas perfeitas para uma noite estrelada e passou com certo louvor no teste do cotovelo. No dia seguinte, já pela manhã, chegou uma mensagem de texto do homem mais bonito do mundo "quero te ver". E foi então que resolvi pedir ajuda. Juntei a mulherada em casa. E todas nós, em silêncio, começamos a "googla-lo". Até que uma foto bem grande, dele só de bermuda, sorrindo, ocupou a tela inteira e o coração de todas nós. Algumas suspiraram. Algumas tiveram ataque de riso nervoso. Uma ficou bem irritada e foi embora. Outras me olharam com a miopia bem apertada tentando descobrir que é que eu tinha pra merecer aquilo tudo. Ele era realmente o homem mais bonito do mundo. Todas concordaram. Não existe homem mais bonito do que esse e talvez nunca existirá. E, ao que tudo indica, trabalhador, com amigos do bem, amante da natureza e das crianças. A ficha.com estava limpíssima. Mas você viu se ele…Vi, vi, sim, ele passou no teste do cotovelo. Burro? Não. Então o quê hein? Pois é, amigas tão honestas, eu também não sei o que ele viu em mim. Tentaram uma última explicação, olhando para os meus pés "ah, vai ver ele gosta de sexo bizarro". É, vai ver. Outra explicou assim "ah, tem tanto casal que a gente vê e não se conforma". Pois é. Fiquei quarenta e sete dias com o homem mais bonito do mundo. Todo mundo olhava pra ele. Homens, mulheres, velhinhos, crianças, cachorros, pombas, formigas. Ele poderia ter qualquer uma das anjinhas da Victoria's Secret (caso além de perfeito fosse trilhardário também...não era o caso, mas era bem de vida) mas preferia estar comigo. Ele definitivamente não tinha nenhum problema sexual, aliás, muito pelo contrário: fazia parte do seletíssimo grupo de homens que, apesar de não fazer feio em medidas, são adeptos do sexo minimalista (aquele que sabe o valor da delicadeza pontual, ritmada, paciente e amorosa), entendia os filmes do Reserva Cultural e me explicava as palavras mais difíceis das músicas do Radiohead. Tudo ia muito bem até que um dia, na fila pra comprar uma bomba de chocolate numa rua de Higienópolis, eu resolvi explodir aquela relação. Ele era tão bonito que me...que me...que...sei lá. Lembro que na hora pensei algo assim "ah, má vá ser bonito assim lá na puta queo pariu". E ele foi.

É você, só você

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Porque o que sinto por ele é amor . Mas talvez eu sinta por você algo mais forte, além disso . Talvez eu tenha finalmente achado alguém perfeito pra mim . Mas sabemos que não podemos ficar juntos . Todos sabem que é ele quem é melhor pra mim, eu sei disso . Mas eu simplesmente não consigo enganá-lo, nem ao meu próprio coração . Não quero brincar com os sentimentos dele, muito menos com os seus, mas acima de tudo estou brincando comigo mesma, usando quem está disponível para preencher o vazio que você deixou quando foi embora . Usando alguém que não tem nada a ver com nossa história - se é que há uma . Mas ao mesmo tempo, não consigo deixá-lo, não consigo deixar a segurança e garantia que ele me passa para me arriscar por você . Me sinto egoísta e finalmente entendo tudo, mesmo não entendendo nada . Estou iludindo a mim mesma, a você, a ele, a quem nos vê e a todos esses corações . Sentimentos não são algo com o que se brinca, não é algo que se use para suprir necessidades, mas também não é algo tão fácil de se deixar pra lá ou mesmo entender o que significam . E eu não estou entendendo . Entendo que quero tudo, e ao mesmo tempo nada . Quero você, mas ao mesmo tempo ele, quero sentir a adrenalina que sinto ao estar com você, mas tambem a segurança que ele me passa, e poder sempre retornar para aqueles braços . Quero jogar tudo para o ar e tentar . Quero enfrentar todo mundo . Quero ver o que vai dar . Quero ir levando enquanto der . Quero que dê tudo certo, quero você .

Você venceu

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Eu podia ter escolhido o caos, mas eu escolhi você. Tive medo de tantas coisas, corri atrás de tantas histórias que seriam piada na boca de outras pessoas, eu tentei escapar das escolhas que eu mesma fiz ao longo de todos os anos. Nada adiantou.

Sempre ousei preencher suas lacunas com tantas outras pessoas. Eu me esforcei demais pra acreditar que a falta que eu sentia das nossas madrugadas eram apenas buracos que podiam ser recheados com qualquer sensação que suprisse o oco, com qualquer palpitação mais indicativa, com aquilo que latejasse no lugar certo, na hora certa e não necessariamente com a pessoa certa.

Mas eu confesso que fui burra. Porque eu me fazia de difícil mas todas as vezes que o sol levantava meio cinza era pra você que eu ligava. Porque nos dias de chuva era o seu cheiro e o peso do seu corpo no meu que eu queria sentir. Quando a madrugada esfriava e gelava os meus pés eu só queria trocar minhas meias por você me abraçando forte e fazendo o medo de congelar ir embora junto com as minhas sensações forçadas. A grande verdade de tudo é que eu me esforcei tanto pra acreditar que você não era o homem da minha vida porque eu jamais acreditei em nada tão brega como scarpins caramelo e amores de uma vida inteira.

A minha mania de banalizar sentimentos devia ter te empurrado pra bem longe de mim, mas o seu abraço é comprido e sua sede por mim é eterna e você não desistiu de me alcançar.

Quando eu disse que eu fiz tudo sozinha, que sem mim nada teria dado certo, que as manhãs continuariam incertas e que a verdade dos nossos olhos jamais seria descoberta, eu também estava mentindo. A minha alma covarde não foi capaz de assumir pra si mesma um amor, quem dirá assumir um passo tão nobre para o mundo. Eu precisava reclamar do que fiz pela gente pra acreditar que eu era melhor do que você e, assim, continuar desgostando de você. Mas eu não consegui.

A força está com você e as suas certezas transpiram não sei como dizendo à quatro ventos o quão melhor do que eu você é. Eu não tenho argumentos de negação.

E eu errei em cada pedaço mal contado da nossa história. Porque no fundo eu sei que quem conta esses capítulos sou eu, com a minha métrica compassada de quem acha que seu único dom é a palavra. Mais uma vez errada, então. As minhas palavras acabaram confundindo os caminhos tão claros porque eu sempre preferi o drama emocional; daí a sua admiração por mim quando eu me despia das minhas dúvidas e começava a fazer comédia.

Mas agora é risada e eu sei. Porque depois de tantos porquês não há nada mais justo que a felicidade simples, ainda que ela dure pouco, ainda que enlouqueçamos depois dela, ainda que a vida faça sentido só por aqueles segundos e depois não mais. O que me importa são os momentos felizes que estão por vir e que vamos viver sem medo do amanhã porque o nosso depois é o que passamos esperando por todo o agora.

Quero me segurar em você até não ter mais encaixe possível, quero suas mãos no meu rosto inteiro pra eu fechar os olhos gigante, pra eu poder chorar até secar a última mágoa na sua camiseta que agora vai ter o meu cheiro misturado no seu. Quero que o sol se ponha em silêncio pra ver a gente andar na praia, que as nossas bocas conversem grudadas e os nossos olhos aprendam a falar uns com os outros. Hoje eu quero o que eu sempre estive procurando com tantas outras pessoas por aí fingindo não saber que eu sabia que o meu breve momento podia ser eterno se eu entendesse que havia de ser com você.

Eu podia ter continuado na batalha, esperando ligações cheias de segundas intenções que não iam sair do vazio de uma cama cheia de lençóis, frustrações e distâncias pré-estabelecidas. Podia ter andado em linha reta pra não enxergar você a cada desvio, a cada ato falho da razão me mostrando a minha sensação por você fazendo força contra a vida mesquinha que eu queria levar pra não sofrer. Eu podia ter sido covarde por mais vinte anos, e mais vinte, pra sempre. Mas a sua coragem transbordou em mim e me deu a lucidez que faltava pra eu enxergar que a luz da chegada, o respiro do sossego e a leveza da escolha certa estavam guardadas, pra mim, em você.

sábado, 13 de novembro de 2010

Buraco

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Não tem mais bagunça na sala e nem sua meia soltando pelinhos pretos que parecem terra. Hoje vou conseguir me esparramar bastante na cama e dormir, dormir, dormir. Vou poder ver coisas leves na televisão e não passar mais mal com seus jornais cheios de desgraça. Não tem mais você me fazendo comer o doce com licorzinho. Sobrou um buraco triste entre o sofá e a planta. Não tem mais seu secador de cabelo que me fazia sorrir como só as pessoas que sentem muita paz conseguem. E você pra contar mais umas das 500 histórias que me fizeram, pela primeira vez, não querer tanto ocupar a vergonha de gostar com minha voz. Não tem sua euforia, a cordinha da alegria na qual você se agarra porque tem medo do que passa abaixo dos seus pés. Não tem mais seus olhos arregalados além do susto, me pedindo que a gente se divirta, que a gente consiga porque, afinal, a vida não anda das mais fáceis pra você e você, sempre como um touro, tenta e consegue tudo. Olhos tão arregalados pra devorar, como um predador, pra se dar, pra correr atrás do que mata tanto desejo, pra conquistar o mundo com uma força que me faz ficar horas te olhando quase sem ar. Mas um pouco cego pra momentos cruciais de delicadeza e interpretação. Os vencedores são mesmo um pouco egoístas e apesar de você ter me visto tanto e feito tanto e sido mais do que tanta gente que tentou bastante, é claro que a luz principal você deve guardar para o seu caminho que eu tenho certeza que será maravilhoso. Olhar com amor requer um tempo que pessoas de passagem não podem e não devem ter e eu, em vão, tentei ser aquele maluco da plateia que agarrou o corredor rumo ao pódio solitário. Você está certo em exibir ao mundo tantos dentes e tão brancos. Eu é que estou errada quando paro um pouquinho para olhar com tristeza esses sustos do amor. Não tem mais você tirando sarro quando eu não aguentava a dor no peito e te dizia no escuro que era mais ou menos amor mesmo. Porque era. Porque é. Se você soubesse o estado que estou agora, zumbi, pegando detalhes seus por aqui, e doendo tanto que nem sei mais por onde começar. Eu não aguento mais começar. Queria tanto continuar. Não sei, não aguento, ainda não posso, mas queria continuar. Alguma coisa deu errado em mim, eu não sei te explicar e eu não sei como arrumar e nem sei se tem ajuda pra isso. Mas meu corpo inteiro se revolta quando gosto de alguém. Me armo inteira pra correr pra bem longe e pra lutar com unhas gigantes quem tentar impedir. Me mata constatar como é ridículo ficar com saudade só de você ir tomar banho. Ter que sentir ciúme ou mágoa ou solidão e sorrir para não ser louca. Eu sinto de um tamanho que eu não tenho e então começo a adoecer, como sempre. Eu não sou louca, eu só não tenho pele pra proteger e quando você toca em mim eu sinto seus dedos e olhos e salivas deslizando por todos os meus órgãos. E você não precisa entender o medo que isso dá, mas talvez um dia possa ter carinho. Ao final sobro eu aqui, nem doar sangue eu posso porque não tenho tamanho, com medo das horas, dos sons, dos meus ossos. Se você pudesse ver agora, tão pequena, tão desesperada, tão apaixonada, você me diria tantas coisas horríveis de novo? Se você visse como flutuo pela casa sem conseguir pisar no chão porque dói demais você não estar aqui, você diria novamente que eu peso demais? Me perdoe pelos meus mil anos à frente dos nossos segundos e pela saudade melancólica que eu senti o tempo todo mesmo sendo nossos primeiros momentos. Pelo retesamento na hora de entregar. Pela maneira como eu grito e culpo quem tiver perto por uma angustia que sempre foi e será só minha e que eu sempre suporto mas quando sinto amor fico achando que posso distribuí-la um pouco, mesmo sabendo que é fatal. Me desculpe por eu ter querido tanto ficar bonita e perfeita e só ter conseguido olheiras e ossos. Me perdoe pelas vezes que de tanto querer leveza acabei pesando a mão. De tanto querer sentir, pensei sobre como estava sentindo, e perdi o sentimento. Ou senti sem pensar e isso pra mim é como meus medos das drogas e então precisei roubar a chave do carro do seu bolso pra me proteger de não olhar mais uma vez você e nunca mais voltar pra casa. Minha maior dor é não saber fazer a única coisa que me interessa no mundo que é amar alguém. Me perdoa por eu querer de uma forma tão intensa tocar em você que te maltrato. Minha mão acostumada com um mundo de chatices e coisas feias fica tão gigante quando pode tocar algo lindo e puro como você, que sufoca, esmaga e estraçalha. Me perdoe pela loucura que é algo tão pequeno precisando de amor e ao mesmo tempo algo tão grande que expulsa o amor o tempo todo. Eu sou uma sanfona de esperança. Eu tenho estria na alma. Enfim. Cansei de pedir desculpa por quem eu sou. Cansei de ouvir de todo mundo como é que se trabalha, se ama, se permanece, se constrói. Eu tentei com todas as forças amar você e agora sofro com todas as forças pelo buraco que ficou entre o sofá e a planta e o meu coração. Você vai embora e eu vou voltar para as minhas manhãs com o iogurte que eu odeio mas que é a única coisa que passa pela garganta quando o dia tem que começar. Vou voltar para aqueles e-mails chatos de pessoas que eu odeio mas que pagam esse apartamento sem você. E ficar me perguntando de novo para quem mesmo eu tenho que ser porque só tem graça ser para alguém. E que se foda o amor próprio. Você me disse e me olhou de formas terríveis mas o que sobrou colado em cada parte do dia e de mim é a maneira como você sorri levantando que nem criança o lábio superior direito e como eu gosto de você por isso e por tudo e mesmo quando é ruim e sempre quando é incrível e ainda e muito e por um bom tempo.