terça-feira, 30 de novembro de 2010
Uma completa idiota
Minha dor é a pior
Choro mesmo, me descabelo pra caramba, queimo meus neurônios com probabilidades mil acerca de nós, e deixo todo mundo ver. Me exponho aqui, coloco minha cara a tapa, e que atire a primeira pedra quem nunca teve um choro meio ridículo por amor. Me abro, arreganho meu coração à fórceps, deixo a mostra minha dor e ainda cutuco com um pauzinho quando escrevo sobre tudo o que sinto. E todo mundo vê, alguns se doem junto comigo, outros se recordam como é a dor de amor. Essa dor de não se importar consigo mesmo e se deixar a Deus dará só porque parece tão mais importante se o outro está sofrendo também. Me poupe! "Acorda, menina", repito para mim mesma. "Ele não está aqui para cuidar de você!". Sou eu, eu mesma e meu amor que lateja no peito nesse deserto imenso que parece o mundo. Sendo bem egoísta, ainda pensamos que ninguém sente igual, que a dor é só nossa. Minha dor é a pior das piores do mundo - e não discorde! Eu te amo. Caramba, eu te amo. Tô ferrada. Eu sei, meus amigos sabem, a vizinha da frente sabe, minha mãe sabe, meu travesseiro sabe, vocês sabem, todo mundo sabe - menos você. Tenho coragem suficiente pra contar pra todo o planeta, mas pra você meço meia dúzia de palavras repensadas cinco vezes e já basta. Não me entrego. Só essas palavrinhas já são capazes de me doer por três dias e revirar o estômago num looping. Porque expor a você minhas dores é cutucar a ferida do coração com pauzinho. Mas parece dez vezes mais doloroso quando é pra você que falo. Quando é com você, parece que o tal pauzinho ainda tem um monte de pontas que ardem no peito e tiram meu ar. Tudo parece pior. A idéia de deixar você saber que ainda me dói é terrivelmente amarga e assustadora. Prefiro revelar para 100 pessoas anônimas aqui do que falar pra você. E acredite, tudo o que eu queria era te contar que ouvir seu nome ainda me causa arrepios pelo corpo todo. Que olhar tua foto ainda me dá um leve embrulho no estômago. Que eu quis chorar por ter ficado feliz de saber que você lembrou de mim naquele dia. Que tem um nó na minha garganta brotando em cada lembrança gostosa sua. Que às vezes eu sufoco um choro baixinho no chuveiro. Que fiz uma força tremenda pra sorrir ao invés de sair correndo quando vi sua amiga na rua. Tudo, tudo o que eu queria conseguir dizer é isso: eu te amo. Sou péssima em atuação, e por isso mesmo escrevo. Não sei fingir que estou totalmente bem e limpa. Com dor, muita dor, me afasto pra disfarçar. Finjo que esqueci, que não tô nem aí se não vou mais te ver. Nem por acaso, se meu santo for forte. Bate o desespero: eu não vou mais te ver. Caramba, tô expulsando da minha vida a pessoa mais especial e carinhosa que me apareceu! Não vou mais te ver. Estou te expulsando a socos, junto com a minha dor. Engolindo sapos, perdendo ciente da perda - e acho que é o que mais incomoda nisso tudo. A perda, a ausência, o vazio. O desamor deixa mais feridos que o amor, o vazio se torna pior que o sofrimento. Eu sei que, daqui a pouco, dentro do coração vai fazer até eco. Faço a desinteressada, enquanto fuço seu orkut a cada dez minutos. Finjo ignorar, enquanto acompanho cada passo teu. Sorrio, enquanto tudo dói. É difícil ser humano, porque quando atingimos o ápice da humanidade é no momento em que doemos. Na dor, tornamo-nos humildes. Afundando na minha dor, preciso finjir tranqülidade mesmo quando quero fugir. Preciso te fazer acreditar que estou completamente bem enquanto estou no chão com o bendito do pauzinho cutucando meu coração. É exatamente isso: humildade. Reconhecimento das minhas fraquezas. E eu aqui tão boba, me doendo inteira por dentro e só desejando a sua felicidade. Que inferno ser humana! Inferno ser eu, me importar tanto com você, ser essa que mesmo de longe ainda anseia por notícias. Que doa, então. Que doa, doa, doa. E que passe. Quero acreditar que assim como os relacionamentos, nenhuma dor é eterna. E essa parte você pode anotar.
Todos os outros
domingo, 28 de novembro de 2010
Fica na minha vida pra sempre?
sábado, 27 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Mais uma de amor pra quem não ama
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Você é a unica coisa que importa pra mim
Gosto de tudo que vem de você
Lição do dia : Aprender a amar
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Trepai-vos
É o meu jeito
sábado, 20 de novembro de 2010
O que sobrou de você pra mim
Quando eu te conheci você fazia parte das horas mais preciosas do meu dia, eu largava quem quer que fosse, eu esquecia de compromissos, eu perdia a fome na hora de jantar, eu tomava um banho rápido, eu me vestia com pressa, desligava meu telefone, ignorava a campainha, ficava offline no messenger, eu saía de toda área de alcance porque a única coisa que me importava quando eu conheci você era que você pudesse, então, me alcançar.
O mundo dá tantas voltas engraçadas e, em muitas dessas voltas, a gente não dá risada de quase nada. Eu fico encontrando defeitos no seu passado como meio de estragar nosso futuro, mas eu juro que o ímpeto vem de dentro de mim, mas não é meu. Parece que existe alguma coisa mais forte do que o meu discernimento que me faz procurar escatologias onde não se vê nada de errado, só pra eu acreditar que ainda sei viver sem você em caso eu precise.
Porque por mais que aquele remoto passado parecesse um incrível segredo nosso, todo mundo sabia que eu estava apaixonada. Porque na verdade, a paixão não é uma coisa quieta, ela não consegue falar baixo, gostar devagar, querer de pouquinho em pouquinho. E a minha paixão não era nada diferente das outras paixões, aquelas que você já teve e eu também já conheci mesmo que sem vasculhar muito. A minha paixão por você era cega, surda e louca porque era a primeira – pelo menos daquele jeito maluco - e me arrastava tanto que me arrastou pro outro lado do mundo que eu conhecia e me levou pra um mundo onde a única referencia de tudo que pudesse pedir uma referência era você.
E quando você reclama que nada do que você faz está bom pra mim, não é porque você não seja bom e nós dois sabemos disso. O problema de ser bom é que depois de um tempo precisamos ser ótimos, e depois de ser ótimos viramos incrivelmente inexplicáveis e daí, melhorando sempre mais, uma hora a gente acaba mesmo virando o mundo todo de alguém. Tudo mesmo, absolutamente sem frestas e nem espaço pra mais nada. Quando alguém é tudo o que um outro alguém enxerga, esse outro alguém, então, está a um passo de ficar cego. Ser tudo sufoca, porque ser tudo impede desejos individuais, impede criatividade, impede felicidade por besteirinhas do dia a dia porque não são em todas as horas do dia que o você está lá, junto com a pessoa que te tem como tudo.
No final das contas, quando se tem um tudo, acaba-se ficando meio que sem nada.
Naquela época que o nosso sonho virou realidade, eu, na minha paixão quase que histérica, corri pra você ignorando tudo o que estava mesmo em volta da gente, aceleradíssima na vontade de viver rápido como se eu não pudesse perder nenhum segundo daquilo, era medo de acordar, sabe? E aí eu ignorei o fato de eu ter um passado e de você ter um passado porque eu tinha sede demais do nosso presente que demorou tanto pra acontecer.
Eu esqueci que sonhos não duram pra sempre porque quando um se realiza, a gente já deu conta de sonhar mais três depois do último. Eu esqueci que a gente ia fazer planos e que eu ia ter ciúme até mesmo da idéia de você já ter tido nem que seja um projeto de plano com mais alguém. Planejou de ir até a lanchonete do tio Zézin num sábado em que os seus amigos te deram bolo e não tinha nada de mais interessante pra fazer? Ta aí, não importa, já me deixa louca de ciúme. Só a idéia. Eu odeio as terceiras pessoas e odeio ainda mais quando essas terceiras pessoas existem só na cabeça de quem vê porque, caso elas fossem reais, eu teria desculpa pra fazer o que eu faço, pra ser irracional, pra não ter limites e nem compaixão. Dá vontade de bater em todo mundo, de sair na rua gritando, de chorar minhas dores em voz alta pra fazer eco e pra ver se no vexame eu enxergo o quanto estou ridícula de não acreditar que o seu amor é genuíno e que o passado que eu tanto teimo em trazer à tona já nem passa perto de perturbar você.
Eu fiz tanta besteira na minha vida, e o meu medo de te desapontar é tão grande que eu preciso procurar besteiras na sua vida, pra me desapontar com você e estar mais preparada caso você decida seguir por aí, sem mim.
Eu te amo, sabe? Daquele meu jeito que você reclama, mas eu sei que, no fundo, gosta. Só que o meu amor não é só ternura, muito embora eu tente tão forte. Eu sou uma pessoa difícil, daquelas que sente muita raiva e que não leva a vida assim, tão leve. Porque mesmo que rasgadas, aquelas fotos ainda estão se remontando o tempo todo em algum outro lugar que eu não vejo, mas que meu coração sente. E tem aqueles cheiros que a gente sabe de olhos fechados e me mata a idéia de eu não ter feito parte das suas recordações que te dão aquela nostalgia boa e vem misturada com a vontade de poder voltar no tempo e comer doce deitado no sofá da casa da sua avó.
O que acontece quando a gente ama mais alguém além da gente mesmo, é que por mais seguro se tenha sido na vida, aparece aquela sensação de ter perdido tanta coisa, tanto detalhe e, no fundo, dá um puta medo de não conseguir superar, entender, acompanhar.
Quando eu te conheci você fazia parte das horas mais preciosas do meu dia e eu largava qualquer coisa só pra poder falar com você. Hoje, você ainda faz parte das horas mais preciosas do meu dia, muito embora eu tenha plena consciência que eu desperdiço a maior parte delas desacreditando da beleza, da maravilha e do milagre que é, mesmo depois de tantas tempestades fortíssimas, a verdade absoluta do nosso amor.
Se ela te fala assim,com tantos rodeios
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Misture alma e coração
Existem várias maneiras de demonstrar afeto em meio a um dia turbulento.Você leva menos de um minuto pra digitar um sms e não vai perder tanto tempo respondendo a um e-mail afetuoso no final do seu expediente. Presentes fora de datas comemorativas, uma besteirinha qualquer, um bilhete na cabeceira da cama...coisas que todos gostam de receber mas se esquecem de dar. E pra quem gosta de dar e acha importante receber, é muito injusta a acusação da falta de compreensão por parte do outro! Responsabilidades demais, todos temos, a forma como cada um administra sua vida é que faz a diferença na qualidade do seu namoro.Não é preciso esperar a relação entrar em crise pra querer reagir e se manifestar. Assim como numa empresa, o ideal seria prever e se prevenir. Muita coisa se desarmoniza desnecessariamente, até porque uma pessoa bem-sucedida profissionalmente, se ainda tiver um amor como abrigo no final de cada dia cansativo, vai enfrentar seus desafios no dia seguinte com muito mais vigor e alegria.Se o amor tantas vezes é casa e aconchego, porque deixar que seu lar se desarrume a ponto de você e o outro não sentirem mais prazer em morar lá?
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Eu amo construir a mesma estrada com você
Eu amo morar no teu abraço.
O que o amor tirou de mim
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Efervescências
(E se ainda eu não consigo explicar você pra mim, eu simplesmente aceito e agradeço.)
Hoje eu acordei muito emocionada
Quem é ela?
É isso, sendo bem direta, que quero contar pra você. O meu amor por você é a coisa mais verdadeira que já aconteceu na minha vida e por isso mesmo eu passo dia após dia me policiando pra não cair em contradição com aquela mulher por quem você se apaixonou, já que ela era uma mentirosa, mas você não faz a menor idéia. Ou faz? Já não sei muito bem em que degrau dessa escadaria pra verdade você está e isso me deixa mais acordada ainda, olhando ao meu redor o tempo todo, esperando o momento em que você vai olhar pra minha cara e me contar que não me conhece.
Foram anos, muitos anos, moldando a minha personalidade pra ser exatamente do jeito que eu achava que uma mulher incrível devia ser. E se por todo esse tempo eu não deixei ninguém se aproximar demais de mim, é porque eu sempre soube que a pessoa que deitava na minha cama à noite era completamente diferente daquela outra que acordava de manhã. Eu não estava pronta, eu não era pronta, a minha prontidão, a minha articulação e o meu desprendimento de tudo e todos não passavam do meu escudo pra não voltar a ser a menina magrela, de óculos e cabelo armado da quinta série, aquela que todo mundo queria ser amigo porque ela era engraçada e inteligente, mas ninguém podia porque, aos 11 anos, ela ainda não tinha nem seios e nem malícia.
Foi por querer vingar a minha adolescente que sofreu tanto bulling que eu criei a personagem que me levou de lá pra cá, a tantos lugares, por vários anos. Só que essa mulher, a vingativa, passou por lugares que eu não quero que você saiba, porque você é o meu respiro de ser aquilo que eu não sou, só para ser alguém. Você – desde o primeiro dia – olhou pra mim e enxergou quem eu era.
E quando eu rio e falo que você não sabe da missa a metade, que você acha que sabe de tudo, mas que perderia as contas se tentasse contar meus erros, que a minha malícia e maldade vieram em doses de pinguço quando resolveram aparecer depois de tanto tempo sendo apontadas como inexistentes por aquelas crianças malvadas, aquelas meninas peitudas que hoje são todas jovens mulheres de 25 anos com os peitos caídos, eu não sei exatamente se quero que você acredite no que eu estou falando ou se quero que você continue me abraçando segurando o riso pra depois beijar minha testa e falar “Ai, amor, como você é mentirosinha.”. A minha vontade às vezes é falar que sim, que sou mesmo, que eu não tive outra escolha porque esse mundo não entrega escolhas de bandeja para as pessoas que acreditam que ser só bom serve. Mas o seu “mentirosinha” – no diminutivo como você fala todas as palavras quando quer conferir a elas caráter feminino ou de carinho – não carrega nele o fardo que eu quero compartilhar com você.
Tem dias que eu sonho com coisas que você não sabe, com coisas que nem eu sei se realmente foram ou se eu criei. Aí eu acordo e quero ouvir o “mentirosinha” pra eu ainda acreditar que, agora, eu posso de novo ser a menina que, ao invés de ter ficado grávida na sexta série, escrevia diários com histórias que não eram dela, na esperança que algum dia eles fossem publicados e chamados de “romances”.
Ontem, vendo o caso de uma mulher que viveu a vida toda carregando um tumor no rosto, eu ouvi ela dizer que hoje em dia ela já não se importava mais, que ela conseguia ser feliz sendo exatamente quem ela era. Não, a minha adolescente pouco entendida não é o meu tumor, ela é minha cura. O tumor são as pessoas mesquinhas que passam pela vida da gente, que com aquela mania eterna de projetar nos outros todos os medos que eles têm para si próprios acabam mudando a nossa vida (mesmo que por um determinado período de tempo, nada é eterno, afinal.) pra pior.
Mas eu agradeço. Sem eles eu não seria sarcástica, eu não saberia ler tão bem as pessoas e, com certeza, hoje em dia eu continuaria sendo machucada diariamente, como uma tonta, sem saber me defender. Minhas mentiras foram meu escudo, minha defesa, minha casa no meio da bagunça e sim, eu fiquei meio bagunçada com elas e não são os meus 24 anos, mas sim essa angústia de descobrir de novo quem sou eu de verdade que anda deixando minha vida tão maluca.
As pessoas falam de vida, de problemas, de amores com a propriedade que só cabe àqueles que são os únicos que sabem de alguma coisa. Mas problemas todo mundo têm, todo mundo sempre vai ter. Hoje eu aprendi que ser quem eu sou – seja lá quem for – não é um problema e, muito menos uma solução pra nada na minha vida. E, além de tudo isso, eu entendi, olhando pra dentro, pra fora, pros lados e pra você que eu posso ser quem eu quiser porque quando você é uma pessoa que pensa, que ama e que odeia, mudar é preciso, é permitido e, no balanço final da vida, a mudança não caracteriza nenhuma pessoa como mentirosa.
Não sou, nunca fui e não quero ser santa. Me recuso, entretanto, a fazer parte do mal, independente do que mal seja. Vou continuar falando palavrão, me apaixonado e enchendo a casa de corações de papel, maltratando minha mãe às vezes e depois me sentindo escrota e injusta, ainda vou fazer muitos amigos errados, vou viajar quilômetros por amor aos meus irmãos, aos meus amores. Vou ser assim porque, na verdade, eu já sou tudo isso. Tá tudo errado e tá tudo certo. Tá tudo mudando e tá tudo bem. No final da vida, como eu já disse outras vezes, quero ter um colar de pérolas minhas pra mostrar pros meus netos e, olha só, às vezes eu quero tê-los (os netos), outras não. Daqui há pouco tudo muda, mas eu ainda vou querer estar com você porque, é fato, você me mudou.
Vem cá amor, me chama de “mentirosinha”.
Cachorro
domingo, 14 de novembro de 2010
So peço um pouquinho
O homem mais bonito do mundo
É você, só você
Você venceu
Sempre ousei preencher suas lacunas com tantas outras pessoas. Eu me esforcei demais pra acreditar que a falta que eu sentia das nossas madrugadas eram apenas buracos que podiam ser recheados com qualquer sensação que suprisse o oco, com qualquer palpitação mais indicativa, com aquilo que latejasse no lugar certo, na hora certa e não necessariamente com a pessoa certa.
Mas eu confesso que fui burra. Porque eu me fazia de difícil mas todas as vezes que o sol levantava meio cinza era pra você que eu ligava. Porque nos dias de chuva era o seu cheiro e o peso do seu corpo no meu que eu queria sentir. Quando a madrugada esfriava e gelava os meus pés eu só queria trocar minhas meias por você me abraçando forte e fazendo o medo de congelar ir embora junto com as minhas sensações forçadas. A grande verdade de tudo é que eu me esforcei tanto pra acreditar que você não era o homem da minha vida porque eu jamais acreditei em nada tão brega como scarpins caramelo e amores de uma vida inteira.
A minha mania de banalizar sentimentos devia ter te empurrado pra bem longe de mim, mas o seu abraço é comprido e sua sede por mim é eterna e você não desistiu de me alcançar.
Quando eu disse que eu fiz tudo sozinha, que sem mim nada teria dado certo, que as manhãs continuariam incertas e que a verdade dos nossos olhos jamais seria descoberta, eu também estava mentindo. A minha alma covarde não foi capaz de assumir pra si mesma um amor, quem dirá assumir um passo tão nobre para o mundo. Eu precisava reclamar do que fiz pela gente pra acreditar que eu era melhor do que você e, assim, continuar desgostando de você. Mas eu não consegui.
A força está com você e as suas certezas transpiram não sei como dizendo à quatro ventos o quão melhor do que eu você é. Eu não tenho argumentos de negação.
E eu errei em cada pedaço mal contado da nossa história. Porque no fundo eu sei que quem conta esses capítulos sou eu, com a minha métrica compassada de quem acha que seu único dom é a palavra. Mais uma vez errada, então. As minhas palavras acabaram confundindo os caminhos tão claros porque eu sempre preferi o drama emocional; daí a sua admiração por mim quando eu me despia das minhas dúvidas e começava a fazer comédia.
Mas agora é risada e eu sei. Porque depois de tantos porquês não há nada mais justo que a felicidade simples, ainda que ela dure pouco, ainda que enlouqueçamos depois dela, ainda que a vida faça sentido só por aqueles segundos e depois não mais. O que me importa são os momentos felizes que estão por vir e que vamos viver sem medo do amanhã porque o nosso depois é o que passamos esperando por todo o agora.
Quero me segurar em você até não ter mais encaixe possível, quero suas mãos no meu rosto inteiro pra eu fechar os olhos gigante, pra eu poder chorar até secar a última mágoa na sua camiseta que agora vai ter o meu cheiro misturado no seu. Quero que o sol se ponha em silêncio pra ver a gente andar na praia, que as nossas bocas conversem grudadas e os nossos olhos aprendam a falar uns com os outros. Hoje eu quero o que eu sempre estive procurando com tantas outras pessoas por aí fingindo não saber que eu sabia que o meu breve momento podia ser eterno se eu entendesse que havia de ser com você.
Eu podia ter continuado na batalha, esperando ligações cheias de segundas intenções que não iam sair do vazio de uma cama cheia de lençóis, frustrações e distâncias pré-estabelecidas. Podia ter andado em linha reta pra não enxergar você a cada desvio, a cada ato falho da razão me mostrando a minha sensação por você fazendo força contra a vida mesquinha que eu queria levar pra não sofrer. Eu podia ter sido covarde por mais vinte anos, e mais vinte, pra sempre. Mas a sua coragem transbordou em mim e me deu a lucidez que faltava pra eu enxergar que a luz da chegada, o respiro do sossego e a leveza da escolha certa estavam guardadas, pra mim, em você.